quinta-feira, 30 de abril de 2015

LIÇÃO 99


A salvação é a minha única função aqui.
Salvação e perdão são a mesma coisa. Ambos sugerem que algo saiu errado, alguma coisa da qual é preciso ser salvo, alguma coisa pela qual é preciso ser perdoado; algo está errado e precisa de uma mudança corretiva, algo à parte ou diferente da Vontade de Deus. Portanto, ambos os termos sugerem uma coisa impossível, mas que no entanto tem ocorrido resultando num estado de conflito visto entre o que é e o que nunca poderia ser.
Agora, a verdade e as ilusões são iguais, pois ambas têm acontecido. O impossível vem a ser aquilo de que precisar ser perdoado, aquilo de que precisas ser salvo. A salvação agora vem a ser a fronteira entre a verdade e a ilusão. Ela reflete a verdade, porque é o meio pelo qual podes escapar das ilusões. No entanto, ainda não é a verdade, porque desfaz o que nunca foi feito.
Como poderia haver algum ponto de encontro onde a terra e o Céu pudessem ser reconciliados dentro de um mente na qual ambos existem? A mente que vê ilusões pensa que são reais. Elas têm existência no sentido de que são pensamentos. E, no entanto, não são reais, porque a mente que pensa esses pensamentos é separada de Deus.
O que une a mente e os pensamentos separados com a Mente e o Pensamento que são para sempre unos? Que plano poderia manter a verdade inviolada e ainda assim reconhecer as necessidades que as ilusões trazem e oferecer os meios para desfazê-las sem ataque e sem nenhum toque de dor? O que mais poderia ser esse plano senão o Pensamento de Deus, pelo qual o que nunca foi feito deixa de ser visto e os pecados que nunca foram reais são esquecidos?
O Espírito Santo mantém esse plano de Deus exatamente como foi recebido, dentro da Mente de Deus e da tua. Ele está à parte do tempo, porque a sua Fonte é intemporal. No entanto, ele opera no tempo devido à tua crença segundo a qual o tempo é real. Inabalável, o Espírito Santo olha para o que tu vês: pecado, dor e morte, pesar, separação e perda. Mas Ele sabe que uma coisa ainda tem que ser verdadeira: Deus ainda é Amor e isso não é a Sua Vontade.
Esse é o Pensamento que traz as ilusões à verdade e as vê como aparências por trás das quais se encontra o que é imutável e o que é certo. Esse é o Pensamento que salva e perdoa, pois não deposita nenhuma fé no que não foi criado pela única Fonte que conhece. Esse é o Pensamento cuja função é salvar dando-te a função que ele tem como tua. A salvação é a tua função com Aquele a Quem o plano foi dado. Agora esse plano foi confiado a ti, junto com Ele. Ele tem uma resposta para as aparências, independentemente de sua forma, tamanho, profundidade ou de qualquer atributo que pareçam ter:
A salvação é a minha única função aqui.
Deus ainda é Amor e isso não é a Sua Vontade.
Tu, que ainda haverás de trabalhar em milagres, certifica-te de praticar bem a idéia para o dia de hoje. Tenta perceber a força no que dizes, pois estas são palavras nas quais está a tua liberdade. O teu Pai te ama. Todo o mundo da dor não é a Sua Vontade. Perdoa-te pelo pensamento de que Ele tenha querido isso para ti. Em seguida, deixa que o Pensamento com o qual Ele substituiu todos os teus equívocos entre nos lugares escuros da tua mente que teve os pensamentos que nunca foram a Sua Vontade.
Essa parte pertence a Deus assim como o resto. Ela não pensa os teus pensamentos solitários e faz com que sejam reais escondendo-os Dele. Deixa entrar a luz e não olharás para nenhum obstáculo àquilo que é a Sua Vontade para ti. Abre os teus segredos à Sua luz benigna e vê com que intensidade essa luz ainda brilha em ti.
Pratica o Seu Pensamento hoje e deixa a Sua luz buscar e iluminar todos os pontos escuros, e brilhar através deles para uni-los ao resto. É a Vontade de Deus que a tua mente seja uma com a Sua. É a Vontade de Deus não ter senão um Filho. É a Vontade de Deus que tu sejas o Seu único Filho. Pensa nestas coisas ao praticares hoje, e começa a lição que aprendemos hoje com essa instrução no caminho da verdade:
A salvação é a minha única função aqui.
A salvação e o perdão são a mesma coisa.
Em seguida, volta-te para Aquele Que compartilha a tua função aqui e deixa-O ensinar-te o que precisas aprender para deixares de lado todo o medo e conheceres o teu Ser como o amor que não tem nenhum oposto em ti.
Perdoa todos os pensamentos que querem se opor à verdade da tua completeza, unidade e paz. Tu não podes perder as dádivas que o teu Pai te deu. Tu não queres ser outro ser. não tens outra função que não seja a de Deus. Perdoa-te pela função que tu pensas que fizeste. O perdão e a salvação são a mesma coisa. Perdoa o que tens feito e tu és salvo.
Há uma mensagem especial para o dia de hoje que tem o poder de remover para sempre da tua mente todas as formas de dúvida e de medo. Se fores tentado a acreditar que são verdadeiras, lembra-te de que as aparências não podem resistir à verdade que estas palavras poderosas contêm:
A salvação é a minha única função aqui.
Deus ainda é Amor, e isso não é Sua Vontade.
A tua única função te diz que tu és um só. Lembra-te disso nos intervalos entre os cinco minutos que dás para serem compartilhados com Aquele Que compartilha o plano de Deus contigo. Lembra-te:
A salvação é a minha única função aqui.
Assim, tu colocas o perdão na tua mente e permites que todo medo seja gentilmente posto de lado, para que o Amor possa achar o seu lugar de direito em ti e mostrar-te que tu és o Filho de Deus.

Os Mestres Cósmicos.O Livro de Ouro de Saint Germain Capítulo Vigésimo Nono Os Mestres Cósmicos


(Prática de Saint Gemiam no Dia de Ação de Graças)
Amados Estudantes da Luz:
Hoje é um dos maiores dias de Ação de Graças que já experimentei em cem anos.
Ver como a Luz, o reconhecimento e a aceitação da Presença “EU SOU” está sendo recebida e utilizada por tantos estudantes, é, realmente, um tempo de alegria e de Ação de Graças.
Não somente Eu lhes envio Meu Amor e Bênçãos, mas também toda a Hoste de Mestres Ascensionados, os grandes Mestres Cósmicos, a Grande Fraternidade Branca, a Legião de Luz e Aqueles Ajudantes de Vênus reúnem-se em louvor e graças porque a Verdadeira Luz está sendo expandida na humanidade.
EU APRECIARIA PROFUNDAMENTE TODA A ASSISTÊNCIA QUE OS ESTUDANTES SOB ESTA RADIAÇÃO POSSAM DAR PARA QUE OS LIVROS SE EDITEM E SEJAM POSTOS ANTE A HUMANIDADE. PORQUE ESTE É O MAIOR SERVIÇO QUE SE PODE PRESTAR NO PRESENTE.
A maior necessidade de, hoje em dia, é chamar a atenção externa da humanidade para a Única Grande Fonte” que pode dar a assistência que se necessita: Esta é a Grande Presença ‘EU SOU’ e a Hoste dos Mestres Ascensioriados. A atenção fixa dos homens nesta Grande Fonte cria a abertura necessária para a manifestação da Grande Luz Cósmica Eterna, para que flua ao mundo externo, alcançando não somente a consciência dos indivíduos, mas também as condições que muitos necessitam para um reajuste.
É Meu desejo que todos os estudantes que estão sob esta Radiação sintam a responsabilidade individual a esse respeito, para manter suas mentes e seus corpos harmonizados, e seguir carregando seus pensamentos e ambientes emocionais com a Sabedoria da Poderosa Presença “Eu SOU”. Isto facilitará o trabalho de dar assistência à humanidade, pois, de outra forma, o externo, por sua condição limitada, não a poderá prestar.
Eu desejo que cada estudante compreenda e sinta profundamente que os Grandes Mestres Ascensionados e Eu estamos prontos para dar toda assistência a eles, desde que a Lei de seu Ser o permita. Os estudantes devem permanecer sempre firmes e não dar poder a outra coisa que não seja a Presença, até que a criação humana externa ao seu redor seja dissolvida e consumida. Então, a Potente Luz, Sabedoria e Poder da Poderosa Presença “EU SOU” inundará suas mentes, seres e mundos com este Glorioso Esplendor, preenchendo-os e a seus familiares com essa harmonia, felicidade e Perfeição que cada coração tanto deseja.
Eu peço que todos façam um trabalho definido, consciente e protetor para o mundo inteiro, a fim de que a Luz Cósmica e a Perfeição Eterna envolvam a Terra, limpando e consumindo toda discórdia, e continuem ‘Abençoando pessoas, lugares, condições e coisas, pois esta é a Atividade Poderosamente Milagrosa que introduzirá a prosperidade que todos tanto desejam”.
Isto, Amados Meus, é o que significa atrair a vós um Poderoso Foco dos Mestres Ascensionados. Somente quando vossa Visão interna estiver aberta para ver e conhecer a Verdadeira Realidade, é que podereis ter um pequeno conceito da Verdade que foi dita.
Desejo que vosso coração seja pleno de alegria e que trabalheis afanosamente pela saúde, êxito e prosperidade dos Mensageiros que têm sido os canais através dos quais este Foco de Proteção foi dado. são muito infelizes os que criticam os Mensageiros ou seu trabalho; melhor seria que não houvessem nascido nesta encarnação.
Amados Estudantes, procurai sentir, com toda a sinceridade, a Realidade e as Bênçãos Infinitas deste trabalho; que o mundo inteiro possa colher o grande prêmio deste benefício.
As palavras são inadequadas para dizer-vos a plenitude dê minha gratidão por vosso sincero e afanoso esforço. Vossa habilidade para abençoar e prosperar aumentará, enquanto vos mantiverdes dentro de vossa Poderosa Presença “EU SOU”.
Meu Amor vos envolve, Minha Luz vos ilumina e a Sabedoria da Poderosa Presença “EU SOU” vos faz prosperar na Plenitude de toda a Perfeição.
O Amor da Poderosa Hoste de Mestres Ascensionados, da Grande Fraternidade Branca e da Legião da Luz vos envolva sempre.
EU SOU, sinceramente na “LUZ” SAINT GERMAIN

segunda-feira, 27 de abril de 2015

A Roda Cósmica. O Livro de Ouro de Saint Germain Capítulo Vigésimo Oitavo



Aqueles Mestres de Vênus que visitaram Royal Teton, e que o visitarão outra vez neste Ano Novo, começarão uma atividade definida para consumir a tentativa sutil de gerar e trazer outra guerra à atividade externa. Shamballa está liberando Seus Poderes que por muitos anos ficaram circunscritos ao Seu próprio campo de ação. A Cidade Dourada, cujos raios são enviados em todas as direções, está prestando à humanidade um serviço que somente ela pode fazer. Se a humanidade pudesse saber e compreender estas atividades e o que elas representam, realizar-se-iam transformações maravilhosas  no mundo externo que nem mesmo os mais evoluídos poderiam conceber. No dia de Ano Novo, a Roda Cármica de progresso terá chegado a um ponto, com referência à atividade pessoal, que deixará de lado muito do livre-arbítrio dos homens. Isto trará uma alegria e uma esperança indescritíveis à consciência daqueles que servem nestas esferas transcendentes da atividade. Oh! estudantes da Luz! Compreendei que esta assistência magnífica é vossa e que a tereis se aquietardes o externo e a aceitardes. Eu vos suplico, amados estudantes, que fecheis vossa mente á ignorância e às sugestões desarmoniosas dos seres humanos de todas as partes. Eu vos digo: “A Liberdade, no mais amplo sentido, estará à vossa disposição somente se mantiverdes a personalidade harmonizada e vos negardes a aceitar as sugestões desequilibradas e sinistras. E imperativo que façais isto, se desejais trazer a vosso mundo a alegria, beleza, opulência e perfeição de toda classe. Não é Nosso desejo imiscuir-nos em vosso livre arbítrio, porém a alegria inunda Nossos corações quando vemos os estudantes agarrando-se fortemente, compreendendo e aplicando estas Leis Transcendentes que Nós sabemos significarem sua a Vitória Certa! E deixai-Me reiterar o que já disse anteriormente: “Não há maior vício na atividade humana do que a personalidade ou a sugestão que trata de afastar o estudante da Verdade e da Luz, que constituem sua Libertação”. Em conexão com esta Poderosa Atividade Cósmica, deveis trabalhar com grande determinação,? consumindo toda criação desarmoniosa passada e presente. Cada vez que vosso pensamento e desejo se manifestar desta maneira, grandes correntes de energia virão vos assistir e sustentar, ajudando-vos. Isto faz parte da assistência presente e assombrosa que é dada à Terra, O Velador Silencioso esperou 200.000 anos para que a Roda Cósmica chegasse a este ponto, o Ano Novo que começa. Novamente vos asseguro que nunca na história da humanidade tão Transcendente Atividade foi preparada para se precipitar em vossa ajuda. Oh! Amados estudantes! Não vale todo esse vossa esforço determinado para atuar de acordo com esta grande bênção que toma tão mais fácil vossa luta pela libertação de auto-criações humanas? Amados estudantes: Meu coração se regozija profundamente ao ver dentro de vós um desejo intenso pela Luz e um esforço determinado para aplicar estas leis infalíveis, que seguramente vos darão a liberdade na medida que a apliqueis. Agradeço-vos por este alegre empenho de distribuição ilimitada de livros. Há nesse desejo, amados meus, um serviço de grande bênção que vós podeis compreender muito pouco. Sinto-me muito abençoado neste dia de devoção ao Cristo, ao sentir o Amor que enviais a Mim e Eu vos asseguro, bem-aventurados, que regressarei a vós dirigindo todo esse Poder Amoroso para vos assistir, vos iluminar e abençoar.
Nesse serviço especial que Jesus decidiu fazer, vós sois agraciados sem dúvida. Experimentai sentir esta Verdade Maravilhosa com o sentimento mais profundo e intenso que possais ordenar. Abri vossos braços, coração e mente à Glória desta Radiação, e à medida que fizerdes isto, de uma maneira plena e completa, vereis que rapidamente desaparecerão condições perturbadoras e imitadoras existentes a vosso redor. Eu vos suplico, amados estudantes, que não continueis limitando-vos por conceitos humanos. Decretai e senti vossa assombrosa habilidade em usar estas Leis e dirigir essa Poderosa Energia para vossa Liberdade e Perfeição. Procurai compreender que vossa forma humana não é uma criação densa, difícil de manipular Tratai de sentir que é uma substância transparente que obedece á vossa mais sutil orientação. Falai com vosso corpo. Ordenai que seja fonte, receptivo somente á Consciência do Mestre Ascensionado para ser uma Perfeita Expressão do Poder Divino do Poderoso EU SOU’, e que tenha Sua Beleza de Forma e Expressão. Recordai em vossa experiência a poderosa determinação que tivestes algumas vezes para alcançar o êxito na atividade externa das coisas, e depois imaginai quão mais poderosamente é capaz de influenciar vosso desejo para alcançar vossa Liberdade Eterna. Acreditai-me, amados, quando Eu vos digo: Vossa criação humana é a única que está entre vós e a Liberdade de toda a limitação. Essa criação não será um obstáculo maior o que aquele que admitis ser. Se não derdes a essa criação o poder de limitar-vos, a qualquer dia ou a qualquer hora, podereis entrar jubilosamente, através do véu, no mundo da Presença Eletrônica; tão belo, tão alegre, tão cheio de deslumbrante Luz de sua Gloriosa Presença e mover-vos ali para sempre na Luz da Glória Eterna. Depois, quando voltardes através do véu humano para servir na atividade exterior, continuareis sentindo a Glória desse Ser Transcendente que sois. Então, a vossa própria condição externa, ou dos que estão ao vosso redor, de modo algum vos tocarão ou afetarão em absoluto’. Todo o Meu ser vibra em antecipado júbilo por vós, pois Eu sei, com certeza definida, de vosso êxito. ‘Aqueles que deixam que as sugestões da ignorância de outros seres humanos os desviem do caminho, Eu desejo dizer: Recordai somente o que vos espera, o que está dentro de vossa capacidade para conseguir e ser. Recordai que à medida que a aceitação de vossa Poderosa Presença EU SOU” cresce mais em intensidade, os problemas externos, que pareciam tão terríveis, seguramente se desvanecerão da aparência. Assim, não somente se resolverão vossas problemas, mas cada passo ganho desta maneira será firme e alcançareis a Liberdade Eterna. Se é liberdade financeira que almejais, Eu vos suplico que afasteis da atividade externa de vossa mente a
aparência, e coloqueis em vossa Poderosa Presença “EU SOU, o único doador de toda a Poderosa Opulência que existe. Mantende-vos firmes e determinados e obtereis todo o dinheiro que desejardes.
A vida não vos limita: a opulência não vos limita; o Amor não vos limita; portanto, por que deixar que os conceitos humanos imitadores continuem vos amarrando? Amados filhos da Luz! Despertai-vos na Poderosa Glória de vosso verdadeiro Ser; caminhai como uma Poderosa Presença Conquistadora: sede ‘a Luz de Deus que nunca falha: movei-vos revestidos com a Luz da Glória Transcendente de vosso Eu-Deus e sede livres.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Peregrinação de Jesus. O Livro de Ouro de Saint Germain Capítulo Vigésimo Sétimo



VÉSPERA DA NATIVIDADE (Pelo Amado Mestre Jesus)
Trago-vos Amor e Saudações dos muitos que integram a Hoste Ascensionada —alguns que conheceis  — e de outros os quais ireis conhecer.
“EU SOU a Luz, o Caminho e a Verdade”: é o sino de Natal que ainda soa pelo campo da Atividade Cósmica. Na compreensão que vos foi trazida e no significado e poder das palavras “EU SOU”, encontrareis um Circulo Encantador no qual vos podeis mover, sem que nenhuma operação humana discordante vos possa tocar. Não se trata somente de conhecer a Presença, mas de colocá-la em prática na mínima atividade; quando tratais com uma experiência que não vos é familiar, muitas vezes vos sentis tímidos e inseguros, porém quando aprendeis a usar o “EU SOU” para resolver vosso desejo ou problema, observareis que vossa segurança crescerá, e assim a aplicareis com absoluta confiança.
Deveis compreender sempre que é no “Grande Silêncio” ou quietude do externo que o Poder Interno flui com maior Poder, e logo vireis a saber de que basta pensardes no Poderoso Princípio “EU SOU”, para sentirdes um aumento de forças, vitalidade e sabedoria que vos permitirá avançar com um  sentimento de Maestria, o qual algum dia, seguramente, vos abrirá as portas através das limitações da criação humana, em direção à Imensidade da Verdadeira Liberdade.
Vemos freqüentemente em vosso coração o desejo por uma prova, uma manifestação surpreendente que vos daria forças para seguir adiante no caminho. Eu vos asseguro, benditos filhos da Luz, que qualquer prova dada fora de vosso ser é temporal; porém, qualquer passo verificado em e através de vossa própria aplicação consciente é uma vitória eterna, e à medida que continueis a adquirir a Maestria através de vossa aplicação auto-consciente não somente estareis obtendo as coisas que tendes nas mãos, mas também estareis elevando vossa consciência, até que em pouco tempo verifiqueis que todas as barreiras caíram.
E desta maneira que a porta da limitação será selada eternamente, e, assim como minha forma externa foi cravada na cruz, assim também vós, com vossa consciência ascendente, cravai e selai a porta das limitações auto-criadas. e então sentireis e conhecereis vosso domínio.
Se estais vitalmente desejosos de fazer a Ascensão, eu vos peço que useis a seguinte afirmação freqüentemente: “EU SOU a Ascensão na Luz”. Isto permitirá que vossa consciência saia da ilusão da criação humana mais rapidamente.
É muito importante que, à medida que vivais dentro da Presença Eu Sou e aceiteis plenamente seu Poder Transcendente, descobrireis que não somente a luta externa cessa, mas que, penetrando mais profundamente na Luz, as coisas externas, que sempre buscastes ansiosamente, começarão a manifestar-se naturalmente, porque nesse momento compreendereis exata e plenamente a irrealidade da forma, como sua atividade transitória.
É quando sabereis que dentro de vós, e na Luz ao vosso redor, está tudo o que possivelmente possais desejar, e o externo, que parecia tão importante, perderá seu poder imitador sobre vós. Então, nas coisas externas que virão a vós, a alegre liberdade se manifestará. Esta é a verdadeira atividade das coisas externas.
A medida que vos façais conscientes dos Poderes Transcendentais que tendes às vossas ordens, sabereis que podereis atrair qualquer coisa que necessitardes, sem danificar ou afetar outro filho de Deus.
Esta verdade tem que ser estabelecida na consciência, porque as almas escrupulosas devem saber isto firmemente, para que não pensem, a intervalos, se é justo que elas tenham êxito, quando ao seu redor há os que não o tem. Eu vos asseguro que vosso serviço máximo é obter a Maestria e a Liberdade para vós mesmos. Então estareis preparados para espalhar a Luz sem serdes afetados pela criação humana, no meio da qual deveis mover-vos. Não vos sintais nunca tristes nem aflitos se outro Filho de Deus não está pronto para aceitar a Luz, porque se não encontra a Luz por sua própria escolha, está apenas atravessando uma fase temporária.
Quando se começa a obter a Liberdade consciente do corpo, compreende-se quão transitórias são essas coisas externas e a pouca importância que têm; porém, quando se entra na Consciência Universal ou Grande Atividade Cósmica sente-se que entrar na Luz é de vital importância. Então, conhecereis a alegria da Presença Interna e Sua Atividade Invencível pela qual vosso coração se inundará de alegria.
Pouco tempo antes de Eu me tomar consciente de minha Plena Missão, a afirmação seguinte estava vivamente diante de Mim: “EU SOU a Presença que nunca falha ou comete um erro”. Soube depois que foi este poder sustentador que me capacitou a SER a Ressurreição e a Vida.
Infelizmente, algumas das afirmações bíblicas foram veladas pelo conceito humano; de qualquer modo, estou muito grato porque muitas delas permaneceram inalteradas. Outra afirmação que usei constantemente, por mais de três anos, foi: “EU SOU sempre o Majestoso Poder do Amor Puro que transcende todo conceito humano e me abre a porta à Luz dentro de Seu Coração’. Soube depois que isto intensificou muito Minha Verdadeira Visão Interna.
Em resposta ao desejo ansioso dentro de vosso coração, quem dizer-vos que durante os anos em que a Bíblia parecia ignorar Minha atividade Eu ia de lugar em lugar, em busca da explicação da Luz e da Presença que Eu sentia dentro de Mim, e vos asseguro, amados estudantes, não foi com a facilidade e a velocidade com as quais vós podeis buscá-la hoje.
Naquele tempo, todos os que estudavam a Verdade estavam muito contentes por receber a sabedoria das experiências ainda não escritas; por serem de natureza fora do comum, foi considerado pouco prudente apresentá-los à multidão.
Assim decorreu o tempo, através das idades, quando o período de tão transcendentes experiências começou, gradualmente, a desaparecer no passado. As pessoas que vieram após ainda não eram suficientemente evoluídas para conceber a Verdade e, assim, excluíram da humanidade tão belas e maravilhosas flores. Todavia, hoje, o Poder Cósmico Crístico, que se tomou tão mal para Mim, veio para ajudar a humanidade. Este, através de seu impulso natural de expressão, está encontrando seu caminho prudente e seguro nos corações e mentes de uma porcentagem da humanidade ter existe, pois, muita esperança de que Esta Atividade permita seja erguido o véu da criação humana. Assim, muitos humanos verão indicações e maravilhas, que sentirão dentro de seus corações.
Então, não haverá dúvida ou medo que os aparte da Verdade.
Eu passei algum tempo na Arábia, Pérsia e Tibet e encerrei Minha peregrinação na Índia, onde conheci Meu Amado Mestre, que já havia feito a Ascensão, ainda que Eu não
soubesse na ocasião. Através do Poder de sua Radiação, revelação após revelação chegaram a Mim, através das quais Me eram dados decretos e afirmações que Me ajudaram a manter tranqüila a atividade externa de Minha mente, até que esta não tivesse mais o poder de Me molestar e retardar Meu avanço.
Foi quando me foi revelada toda a Glória de Minha Missão e o Eterno Registro Cósmico que Eu haveria de deixar, o qual devia ser instituído naquele tempo para bênção e iluminação da humanidade que viria. Talvez estejais interessados em saber que este se converteu em um Registro Cósmico Ativo, muito diferente de todos os registros então feitos, pois contém dentro dele o desejo ou impulso empreendedor que faz da mente humana um ímã.
Isto explica porque os decretos e afirmações que Eu emiti estão se tornando mais vivos através dos séculos, e com o impulso empreendedor desta Atividade, assistida pela Radiação de outros Raios Poderosos enfocados sobre a Terra, será possível a uma grande parte da humanidade ancorar-se de tal modo na Verdade e sua aplicação consciente, que uma vitória transcendente se alcançará com êxito.
Nenhum passo tem tanta importância vital como o de pôr, ante a humanidade, a sabedoria do “EU SOU” — a origem da Vida e Seu Poder Transcendente — que pode ser trazido ao uso consciente do indivíduo. Será assombroso ver como esta simples mas Todo- Poderosa Verdade se estenderá rapidamente entre a humanidade. Assim, todos os que pensarem Nela, praticarem sua Presença, e dirigiram conscientemente Sua energia através do poder do Amor D vim, encontrarão um novo mundo de Paz, Amor. Saúde e Prosperidade aberto ante eles.
Aqueles que compreenderem a aplicação do conhecimento “EU SOU” jamais serão acossados pela desarmonia ou perturbações nos seus lares, mundos ou atividades, porque é somente por falta do reconhecimento e aceitação de Todo Poder desta Poderosa Presença que o ser humano permite seja perturbado pelos conceitos e criações humanos.
O estudante deveria olhar constantemente para dentro do seu eu humano e ver quais os hábitos ou criações que necessitam ser arrancados dali, porque somente se negando a permitir que existam hábitos tais como julgar, condenar ou criticar pode ele ser liberto. A verdadeira atividade do estudante é aperfeiçoar seu próprio mundo, e não o poderá fazer enquanto veja imperfeição no mundo de outro Filho de Deus.
Foram dadas maravilhosas afirmações para governar harmoniosamente vossa vida e mundo. Aplicai-as com determinação e tereis êxito.
Outra correção que desejais que Eu faça é a seguinte: Eu não disse na cruz: “Pai, por que me abandonaste”? Mas Eu disse: “Pai, como me glorificaste”! E realmente recebi, na Glória, o irmão que estava à minha direita na cruz.
Há muitos destes amados estudantes, os quais conheci pessoalmente no tempo de crucificação, e ao dar esta mensagem sinto como se estivesse falando a velhos amigos, porque nessa Grande Presença Ascensionada os séculos são um incidente apenas; só nos damos conta do tempo quando entramos em contacto com fatos humanos.
Amados estudantes, que buscais a Luz tão ansiosamente: Tratai de sentir-vos em Meu amoroso abraço; experimental sentir-vos vestidos com essa Luz tão deslumbrante como o sol de meio-dia. Ancorai dentro de vossa consciência o sentimento de vossa habilidade para fazer a Ascensão, para que em cada dia vos aproximeis mais da plenitude dessa Realização.
Cortai os laços das coisas da Terra que vos mantêm amarrados.
Deveis saber que no Amor, na Sabedoria e no Poder que aceitais de vossa Poderosa Presença “EU SOU”, está o poder que faz este trabalho transcendente.
Recordai sempre que: Deus em vós é a vossa Vitória. A Presença “EU SOU” que bate em vosso coração é a Luz de Deus que nunca falha, e pela aceleração desta Presença vosso poder para libertar Sua energia e dirigi-la é ilimitado”
É para Mim uma grande alegria e um privilégio continuar associado ao meu Amado Irmão Saint Germain, no trabalho de mandar, através de Minha Radiação Consciente, uma ajuda definida aos estudantes que podem aceitar a instrução de Saint Gemiam. Isto continuará durante todo o ano de 1934. Não me entendais mal, “EU SOU irradiará a toda a humanidade; porém, nesta Radiação aos estudantes, tenho o privilégio de dar um Serviço especial.
Em meu Amor eu vos envolvo. Com minha Luz eu vos visto.
Com minha Energia eu vos sustento para que possais seguir adiante, impávidos em vossa busca da felicidade e da perfeição de vós mesmos e de vosso mundo.
Eu confio que isto vos trará uma Radiação tal que podereis sentir bem-estar no decorrer do ano, e que vosso êxito vos traga alegria sem imite.
“EU SOU” a Presença Iluminadora e Reveladora manifestada com todo Poder”.
JESUS, O CRISTO

SAINT GERMAIN: Desejo transmitir Meu amor, envolvente como uma Dádiva, a cada um dos meus amados estudantes, pois o Amor é a maior Dádiva que se pode dar.”

LIÇÃO 98 - Vou aceitar a minha parte no plano de Deus para a salvação.

Hoje é um dia dedicado a algo especial. Tomaremos um só partido hoje. Estamos do lado da verdade e soltamos as ilusões. Não vacilaremos entre as duas, mas nos posicionaremos firmemente em favor da Única. Hoje, nos dedicamos à verdade e à salvação, assim como Deus planejou que fosse. Não argumentaremos que é outra coisa. Não a buscaremos onde não está. Com contentamento, nós a aceitamos tal como é e assumimos a parte que nos foi designada por Deus.
Que felicidade é ter certeza! Hoje, deixamos todas as nossas dúvidas de lado e tomamos o nosso partido com certeza de propósito, agradecidos porque a dúvida se foi e a certeza veio. Temos um grandioso propósito a cumprir e tudo o que precisamos para alcançar a meta nos foi dado. Nem um único equívoco obstrui o nosso caminho. Isso porque fomos absolvidos de erros. Todos os nossos pecados foram lavados e sumiram por compreendermos que eram apenas equívocos.
Aqueles que são sem culpa não têm medo, pois estão seguros e reconhecem sua segurança. Não apelam para a mágica, nem inventam escapatórias de ameaças imaginárias em realidade. Eles descansam na quieta certeza d que farão o que lhes for dado fazer. Não duvidam da sua própria capacidade porque sabem que a sua função será cumprida completamente no tempo e no lugar perfeitos. Eles tomaram o partido que tomaremos hoje para que possamos compartilhar da sua certeza e assim aumentá-la aceitando-a nós mesmos.
Eles estão conosco, todos aqueles que tomaram o partido que estamos tomando hoje, e alegremente nos oferecem tudo o que aprenderam e todos os ganhos que realizaram. Aqueles que ainda estão incertos também se juntarão a nós e tomando emprestado a nossa certeza, a tornarão ainda mais forte. Enquanto isso, aqueles que ainda não nasceram ouvirão o chamado que ouvimos e responderão quando vierem para fazer a sua escolha outra vez. Hoje, nós não escolhemos só por nós mesmos.
Será que não vale cinco minutos de cada hora do teu tempo ser capaz de aceitar a felicidade que Deus te deu? Será que não vale cinco minutos de cada hora reconhecer a tua função especial aqui? Cinco minutos não é apenas um pequeno pedido para se ganhar uma recompensa tão grande que não tem medida? Tu já fizeste pelo menos mil barganhas nas quais saíste perdendo.
Aqui está uma oferta que te garante a plena liberação de todo tipo de dor e a alegria que o mundo não contém. Podes trocar um pouco do teu tempo pela paz da tua mente e certeza de propósito com a promessa de sucesso completo. E, uma vez que o tempo não tem significado, não se está pedindo nada em troca de tudo. Eis uma barganha que não podes perder. E o que ganhas é, de fato, sem limites!
A cada hoje, hoje, dá-Lhe a tua diminuta dádiva de apenas cinco minutos. Ele dará às palavras que usares ao praticar a idéia de hoje a profunda convicção e a certeza que te faltam. As Suas palavras se unirão às tuas e farão de cada repetição da idéia de hoje uma oferenda total, feita com uma fé tão perfeita e segura quanto a Sua em ti. A Sua confiança em ti trará luz a todas as palavras que disseres, e irás além do seu som até o que elas realmente significam. Praticas com Ele hoje ao dizeres:
Vou aceitar a minha parte no plano de Deus para a salvação.
Em cada cinco minutos que passares com Ele, Ele aceitará as tuas palavras e as devolverá a ti, reluzindo com uma fé e uma confiança tão fortes e constantes que iluminarão o mundo com esperança e contentamento. Não percas uma única chance de ser o feliz destinatário das Suas dádivas para que possas dá-las ao mundo hoje.
Dá-Lhe as Suas palavras e Ele fará o resto. Ele te tornará capaz de compreender a tua função especial. Ele abrirá o caminho para a felicidade, e a paz e a confiança serão as Suas dádivas, a Sua resposta às tuas palavras. Ele responderá que o que dizer é verdade com toda a Sua fé, alegria e certeza. E então terás a convicção Daquele Que sabe qual é a tua função tanto na terra quanto no Céu. Ele estará contigo a cada período de prática que compartilhares com Ele, dando-te a intemporalidade e a paz em troca de cada instante que Lhe ofereceres.
Durante a hora, deixa que teu tempo passe preparando-te com alegria para os próximos cinco minutos que voltarás a passar com Ele. Repete a idéia de hoje enquanto esperas que o momento de contentamento venha a ti mais uma vez. Repete-a com freqüência e não esqueças que a cada vez que o fazes, deixas a tua mente ser preparada para o feliz momento que virá.
E quando a hora passar e Ele estiver aí mais uma vez para passar um pouco de tempo contigo, sê grato e deixa de lado todas as tarefas terrenas, todos os pequenos pensamentos e idéias limitadas e de novo passa um momento feliz com Ele. Dize-Lhe mais uma vez que aceitas a parte que Ele quer que assumas e Ele te ajudará a cumpri-la, e fará com que estejas certo de que queres essa escolha que Ele fez contigo e tu com Ele.

Auto Correção. O Livro de Ouro de Saint Germain Capítulo Vigésimo Sexto


Cada estudante deve ter presente, com toda segurança, que neste poder vivificante da Presença ‘EU SOU” dentro do seu Ser, todo o bem ou mal é ativado se existirem latentes, na consciência, rebeliões, ressentimentos ou a inclinação a julgar. Quem dizer que tudo isto sairá à superfície para ser consumido, e digo, sem vacilação alguma, que, a menos que elimineis conscientemente o que surja na superfície, aquilo vos consumirá.
Se uma pessoa nota que se está deixando levar pela ira, deve tomar as rédeas e decretar o mandato através da Presença “EU SOU, declarando que aquilo seja governado harmoniosamente.
Agora, deixai-Me recordar outra vez que o primordial em vosso progresso é a auto-correção; e que não há pessoa, lugar, condição ou coisa a que possais culpar pelo que vos empenhais em sustentar. Isto é imperativo para vosso progresso futuro; se chegastes a um ponto onde semelhantes condições sutis se produzem, há que colocá-las claramente e que as compreendais muito bem, porque, do contrário, enfrentareis condições que não podereis controlar.
Repito que deveis estar muito animados por causa dos adiantamentos feitos em vosso próprio controle, e pela vossa completa aceitação destas grandes Leis da Vida, além de vossa vontade de aplicar o grande chicote da auto-correção.
Digo-vos francamente, e falo com experiência, que a atividade externa que chamamos humana tem que ser corrigida sem vacilação antes de ser trazida à submissão do Mandato Divino.
Se Eu vos dei o uso do Raio ou da Chama através da mão, é porque as mentes de alguns se estão sintonizando mais rapidamente do que a elevação da estrutura atômica do corpo. Esta atividade de passar a mão por cima do corpo manterá o equilíbrio da aceleração da mente e a elevação da
estrutura atômica.
Agrada-me muito dar toda a assistência aos estudantes, e Eu o faço com a melhor boa vontade, porém há certos limites que não posso ultrapassar, porque os estudantes têm que avançar por si mesmos em sua consciência; entretanto, devo alertá-los que não podem oferecer à Presença EU SOU” uma atenção dividida, o que equivale a mandar um jorro de energia para dar poder a coisas que são negativas, ao mesmo tempo que invocais Deus em vós. Isto simplesmente retarda o progresso.
Falo por experiência. Não é possível dividir a atenção, compartilhando-a entre a Presença “EU SOU” e as coisas exteriores, as é que desejais superar o comum. Não quero causar choque a nenhum estudante, porém devo falar-vos a verdade: Se os amados estudantes que chegaram até este ponto não forem capazes de dedicar sua atenção à Presença “EU SOU”, excluindo toda outra forma de oração e tratamento, estarão fechando a porta de nossa ajuda por muito tempo.
Isto não ocorrerá se os estudantes, seguindo as instruções, fizerem um esforço sincero cada vez que a atenção se dispersa, dizendo: “EU SOU” todo Poder e minha Presença “EU SOU” que sou, e me nego para sempre a aceitar qualquer outra coisa”.
Desejo preparar os estudantes, porque virá o momento em que não terão o sustentáculo de Nossos Mensageiros e terão que se apoiar em sua própria habilidade de agarrar-se com mão firme à sua Presença “EU SOU”. Sempre receberão seu grande poder sustentador.
É um erro, além de inútil, o estudante, depois de receber meses de instrução, deixar-se prostrar por um sentimento de depressão ou dúvida sobre seu poder interior ou de sua habilidade para aplicá-lo. Esta atitude mental infantil, além de incorreta, fechará a porta à Verdade, no decorrer do tempo.
Cada estudante deve tomar uma posição positiva, no momento em que uma discórdia de qualquer tipo pretenda entrar seu sua mente e deve assegurar seu domínio declarando: “EU SOU a Poderosa Presença que governa minha vida e meu mundo e EU SOU a Paz, a Harmonia e Valor Auto-mantido que me levam serenamente através de tudo com que possa me defrontar.
Entretanto, é de tal importância os estudantes obterem o benefício desses ensinamentos, que devemos interromper a instrução até eles serem assimilados. Pois depende da habilidade dos estudantes em captarem o conteúdo dos ensinamentos para que o Grande Juiz determine a próxima instrução.
Não podemos, sob nenhuma circunstância levar o estudante além do ponto em que Ele se sinta fortificado.
Devo dizer, para a proteção dos estudantes, que, se ocorrem certos fenômenos, permaneçam calmos, equânimes e sem se impressionar continuem serenamente, não permitindo que sua atenção se fixe nesses fenômenos. provável que neste grupo alguns tenham gerado energias de estados de consciência passados, que podem produzir estes fenômenos. Nesse caso devem declarar firmemente: “EU SOU a Presença que governa isto e que o utiliza para sua mais alta expressão e uso’.
Eu vos asseguro que não necessitais desejar que se produzam manifestações sobrenaturais, porque o progresso natural de vosso Ser produzirá abundantes manifestações quando chegar o momento; porém, advirto que não me refiro às aparições dos Mestres Ascensionados, porque isso é algo inteiramente diferente e não se deve interpretar como fenômeno.
Penso ser de grande sabedoria que o estudante, antes de ouvir ou ler alguma instrução, faça esta afirmação: Grande Presença EU SOU, levai-me dentro de Vós, instrui-me e fazei com que eu retenha a memória completa destas instruções interiores”.
Como Mensageiro da Luz, o treinamento que representa essa afirmação é essencial, porém não deve causar nem ansiedade nem tensão o desejo de reter essa instrução na memória, porque semelhante atitude poderia fechar a memória exterior.
Não posso deixar de sorrir ao ver que alguns estudantes estão prestes a experimentar coisas surpreendentes, porém confio em que sempre se mantenham serenos, sabendo que “EU SOU, a única Eterna e Auto-mantida Vida em ação “e que retirem para sempre da consciência, que exista, em todo o Universo, a condição chamada morte.
A atividade exterior da mente e o mundo é Maya que passa e se move como as areias do deserto,
e não deve causar a ninguém qualquer temor, porque “EU SOU a Vida Eterna que não tem começo nem fim”.
Do coração do Grande Silêncio brota a Corrente de incessante da qual cada um é uma parte individualizada: Essa via sois vós; eterna, perfeita, auto-mantida; e pouco importam os trajes que vestis, até o dia em que chegueis ao ponto de reconhecer que vossa realização vos deixou preparados para colocar o “manto sem costuras”, auto-sustentado e radiante, com mais as cores do espectro.
Então podereis regozijar-vos com esse manto que é eterno, sempre radiante, imutável, que vos separa da roda de causa e efeito, fazendo um ser unicamente ‘de Causa”.
Essa Causa é a radiação do Amor Divino sempre emanando e evolucionando de vosso consciente, equilibrado, estabilizado, radiante centro Divino, ou seja, o Coração da Presença “EU SOU”, que é juventude e beleza eterna, a toda sapiente Presença que contém em Sua auto-consciente ação o passado, o presente e o futuro que, afinal, são apenas o Único Eterno Agora. Assim, é a eterna eliminação de todo tempo e espaço.
 Então, encontrareis vosso mundo povoado de seres perfeitos; vossos edifícios decorados com jóias seletas; vós, de pé, no centro de vossa criação (“a jóia no coração do lótus”) sendo suas pétalas as grandes avenidas de vossa atividade perfeita.
Tal é o singelo quadro do que tereis pela frente, chamando-vos a que entreis em vosso perfeito e eterno lar e radiação. Vede vós, Eu sinto essa radiação gloriosa, e se conseguis centralizar-vos na Presença do Amor Divino e manter-vos ali firmemente, que maravilhosas experiências vos virão, isto se puderdes deixar  a interferência da atividade externa mental.
Quando uma pessoa tomar a atitude de “EU SOU” a Presença do Amor Divino em todo momento”, fará essas coisas maravilhosas, O uso desta afirmação, com sentimento fecha a porta, em todos os momentos às atitudes externas da mente. A solução de cada problema está sempre à mão porque a Presença “EU SOU” sempre contém todas as coisas dentro dela.
Um esforço é impulsionar a petição para que se manifeste. “EU SOU” é o princípio ativo inteligente dentro de vós, o Coração de vossos seres, o Coração do sistema.
Não posso deixar de lembrar-vos: Cada vez que dizeis “EU SOU”, estais liberando uma matéria-prima auto-mantida. todo-poderosa, única e inteligente energia. Persisti e entrareis em uma condição suprema e maravilhosa.
Quando vós olhais o Sol Físico, em realidade estais olhando o Grande Sol Central, o próprio Coração da presença “EU SOU”. Deveis tomar a determinação incondicional de que “a Presença “EU SOU” governa completamente este corpo físico e o obriga à obediência.”
Quanto mais atenção derdes a vosso corpo físico, mais ele vos prejudicará com suas exigências e domínio.
Quando o corpo físico está cronicamente enfermo ou continuamente manifestando distúrbios, isto comprova que se lhe deu atenção especial por um longo período de anos, do que resultou uma ou outra perturbação, e nunca melhorará até que se tome a atitude positiva e se o obrigue à obediência. Vós podeis positivamente produzir o que queirais de vosso corpo isto, se fixardes a atenção em sua Perfeição. Não permitais que vossa atenção incida sobre suas imperfeições.
Para a Ascensão: ‘EU SOU A Presença que ordena’. Usai esta afirmação freqüentemente, porque aquieta a atividade exterior, de modo que ficareis centralizados na atividade do amor.
No momento em que perceberdes algo discordante, afastai-vos dele. Tendes o Cetro do Poder em vossa consciência; usai-o sempre. Deveis apenas seguir a ordem de Jesus: Não olheis a nenhum homem de acordo com sua carne. Isto quer dizer, exatamente: Não reconheçais imperfeição humana, seja em pensamento, sentimento, palavra ou ação.
Algo muito poderoso para usar nos problemas e a simples consciência de: DEUS em mim, Presença Eu Sou’, manifesta-Te, governa e resolve harmoniosamente esta situação” operará milagres, pois tudo que deveis fazer é invocar instantaneamente a Presença “EU SOU e colocá-la a trabalhar.
Jesus disse: Pedi e recebereis; buscai e encontrareis; batei e a porta se abrirá”. Dizei, pois, a vosso Ser Divino, Ouve-me: Deus! Vem aqui e cuida disto. Deus quer que vós O ponhais a trabalhar. Isto abre o fluxo à Energia Divina, à Inteligência e à Substância que  logo cumprirão a ordem.

MENTALIDADE ERRADA: Relacionamentos Especiais


O que eu tenho descrito até agora sobre a raiva é realmente uma forma que a projeção pode tomar. É a mais óbvia forma de ataque às quais o Curso se refere como relacionamentos especiais. O conceito mais difícil de ser compreendido no Curso e ainda mais difícil de ser colocado em prática e, de fato vivido é a idéia do "especialismo" (que significa a idéia, condição ou estado de ser especial ou de ver outros como especiais) e a transformação dos nossos relacionamentos especiais em relacionamentos santos.
Relacionamentos especiais vêm em duas formas. A primeira é o relacionamento especial de ódio - do qual nós temos falado - onde encontramos alguém e fazemos dele o objeto do nosso ódio de modo a que possamos escapar do verdadeiro objeto do nosso ódio, que somos nós mesmos. A segunda forma é o que o Curso chama de relacionamentos especiais de amor. Esses são os mais poderosos e os mais insidiosos porque são os mais sutis. E, ainda uma vez, não há nenhum conceito mais difícil no Curso para compreendermos e aplicarmos a nós mesmos do que esse. Relacionamentos especiais não são mencionados no livro de exercícios ou no manual de forma alguma e não aparecem no texto até o capítulo e, a partir daí, por quase nove capítulos, isso é quase tudo o que se lê.
A razão pela qual o amor especial é tão difícil de ser reconhecido e é tão difícil de combater é que ele aparenta ser algo que não é. É difícil esconder de você mesmo o fato de estar com raiva de outra pessoa. Você só pode conseguir isso por pouco tempo. O amor especial é algo totalmente diferente. Ele sempre parecerá ser o que não é. De fato é o mais tentador e o mais enganador fenômeno deste mundo. Basicamente segue os mesmos princípios que o ódio especial, mas faz isso de forma diferente. O princípio básico é que tentamos nos livrar da nossa culpa vendo-a em uma outra pessoa. Portanto, é apenas um fino véu disfarçado que encobre o ódio. O ódio, mais uma vez, é apenas uma tentativa de odiar outra pessoa de modo a não termos que odiar a nós mesmos. O que eu gostaria de fazer agora é mostrar a vocês basicamente como isso funciona de três formas diferentes - como, com a finalidade de nos salvar da culpa através do ‘amor’, o ego está realmente reforçando a sua culpa através do ódio.
Vamos em primeiro lugar descrever o que é o amor especial e depois falaremos sobre como ele funciona. Se vocês se lembram, bem no início quando eu estava falando sobre culpa e listando palavras que designam culpa, uma das expressões que usei foi acreditarmos que haja alguma coisa faltando em nós, que exista uma certa carência. O Curso se refere a isso como o “princípio da escassez” e, com efeito, essa é a base de toda a dinâmica do amor especial.
O que o princípio de escassez nos diz é que há de fato algo faltando dentro de nós. Há algo que não foi preenchido, não há plenitude. Devido a essa carência, nós temos certas necessidades. E essa é uma parte importante de toda a experiência da culpa. Assim, mais uma vez, nós nos voltamos para o ego e dizemos: “Ajude-me! Essa sensação de não ser nada, ou esse vazio, ou esse sentimento de que há algo faltando é absolutamente intolerável; você tem que fazer alguma coisa.” O ego diz: “Está bem, aqui está o que você vai fazer”. E, em primeiro lugar, ele nos dá um tapa na cara por dizer: “Você está totalmente certo; você é apenas uma criatura miserável e não há nada que possa ser feito para mudar o fato de que está lhe faltando algo que é de importância vital para você”. E claro que o ego não nos diz que o que está faltando é Deus, porque se nos dissesse isso, escolheríamos Deus e ele deixaria de existir. O ego nos diz que algo inerentemente nos falta e não há nada que se possa fazer para remediar isso. Mas, depois nos diz que há algo que podemos fazer sobre a dor dessa falta. Embora continue sendo verdadeiro que nada vai mudar essa falta inerente em nosso ser, podemos olhar para fora de nós mesmos buscando alguém ou alguma coisa que possa compensar o que está faltando dentro de nós.
Basicamente, o amor especial declara que eu tenho certas necessidades que Deus não pode satisfazer porque, repetindo, inconscientemente eu fiz de Deus um inimigo e, portanto, não posso buscar auxílio no Deus verdadeiro dentro do sistema egótico. Mas quando encontro você, uma pessoa especial com certas qualidades ou atributos especiais, eu decido que você vai satisfazer as minhas necessidades especiais. Daí vem a expressão “relacionamentos especiais”. As minhas necessidades especiais serão supridas por certas qualidades especiais em você, e isso faz de você uma pessoa especial. E quando você suprir as minhas necessidades especiais da forma que eu as estabeleci, então eu amarei você. Assim, quando você tiver certas necessidades especiais que eu possa satisfazer para você, você me amará. Do ponto de vista do ego, isso é um casamento feito no Céu.
Portanto, o que esse mundo chama de amor é realmente especialismo, uma distorção grosseira do amor tal qual o Espírito Santo o veria. Uma outra palavra que descreve esse mesmo tipo de dinâmica é ‘dependência’. Eu passo a depender de você para satisfazer as minhas necessidades e farei com que você dependa de mim para satisfazer as suas. Enquanto nos dois fizermos isso, tudo estará ótimo. O especialismo é basicamente isso. A sua intenção é compensar a falta que percebemos em nós mesmos usando uma outra pessoa para preencher esse vazio. Fazemos isso da forma mais clara e mais destrutiva com as pessoas. Contudo, podemos também fazer com substâncias, ou com coisas. Uma pessoa, por exemplo, que é alcoólatra está tentando preencher o vazio em si mesma através de um relacionamento especial com a garrafa. Pessoas que comem demais estão fazendo a mesma coisa. Pessoas que tem mania de comprar roupas demais, ganhar um monte de dinheiro, adquirir um monte de coisas, ou ter status no mundo - é tudo a mesma coisa. Na realidade, uma tentativa de compensação por nos sentirmos mal em nós mesmos através de algo externo que fará com que nos sintamos melhor. Há um subtítulo perto do fim do texto que diz “Não busques fora de ti mesmo” (T-VII). Quando buscamos fora de nós mesmos, estamos sempre buscando um ídolo, que se define como um substituto para Deus. Realmente, se Deus pode satisfazer essa necessidade. Nesse caso, o especialismo faz o seguinte: ele serve ao propósito do ego parecendo proteger-nos da nossa culpa, mas durante todo o tempo ele a reforça. Faz isso de três formas básicas que vou explicar sumariamente agora.
A primeira é a seguinte: se eu tenho essa necessidade especial e você vem e a satisfaz para mim, o que eu fiz realmente foi fazer de você um símbolo da minha culpa. (Estou falando nesse momento só a partir do ponto de vista do ego; não nos vamos ocupar do Espírito Santo agora.) O que fiz foi associar você com a minha culpa, porque o único propósito que eu dei ao meu relacionamento e ao meu amor por você é que ele sirva para satisfazer as minhas necessidades. Portanto, enquanto num nível consciente eu fiz de você um símbolo de amor, num nível inconsciente o que eu fiz realmente foi transformar você num símbolo da minha culpa. Se eu não tivesse essa culpa, eu não teria essa necessidade de você. O próprio fato de eu ter essa necessidade de você me lembra, inconscientemente, que eu sou na realidade culpado. Assim, essa é a primeira forma na qual o amor especial reforça exatamente a culpa da qual o seu amor está tentando defendê-lo. Quanto mais importante você passa a ser na minha vida, mais você me lembrará de que o propósito real ao qual você está servindo é me proteger da minha culpa, o que reforça o fato de que eu sou culpado.
Uma imagem desse processo que pode ajudar é imaginar a nossa mente como um pote de vidro no qual esteja toda a nossa culpa. O que queremos mais do que tudo nesse mundo e manter essa culpa dentro do pote; nós não queremos saber dela. Quando buscamos um parceiro especial, estamos buscando alguém que seja a tampa desse pote. Nós queremos que essa tampa feche o pote hermeticamente. Enquanto ele estiver bem fechado, a minha culpa não pode emergir para a consciência e, portanto, eu não saberei dela, ela fica dentro do meu inconsciente. O próprio fato de eu precisar de você para ser a tampa do meu pote me lembra que há uma coisa terrível no pote que eu não quero deixar escapar. Mais uma vez, o próprio fato de eu precisar de você está me lembrando, inconscientemente, que eu tenho toda essa culpa.
A segunda forma através da qual o amor especial reforça a culpa é a “síndrome da mãe judia”. O que acontece quando essa pessoa que veio para satisfazer todas as minhas necessidades começa a mudar e não satisfaz mais essas necessidades da mesma maneira? Seres humanos infelizmente tem essas qualidades: mudar e crescer; eles não são sempre os mesmos, assim como gostaríamos que fossem. O que isso significa, então, quando a pessoa começa a mudar (talvez não precisando mais de mim como precisava no início) é que a tampa do pote começa a soltar-se. As minhas necessidades especiais não mais serão satisfeitas da forma que eu queria. À medida que essa tampa começa a se abrir, a minha culpa de repente me ameaça vindo para a superfície e escapando. A culpa escapando do pote significa que eu passo a estar consciente de que realmente acredito que sou terrível. E farei qualquer coisa nesse mundo para evitar essa experiência.
Num certo ponto no Êxodo, Deus diz a Moisés: “Ninguém pode contemplar a minha face e viver”. Nós podemos declarar a mesma coisa sobre a culpa: ninguém pode olhar a face da culpa e viver. A experiência de confrontar o que realmente acreditamos sobre nós mesmos, como somos terríveis, e tão avassaladora que fazemos qualquer coisa no mundo contanto que não tenhamos que lidar com ela. Assim, quando essa tampa começa a afrouxar e a minha culpa começa a borbulhar subindo para a superfície, eu entro em pânico porque de repente sou confrontado por todos esses sentimentos devastadores que tenho sobre mim mesmo. A minha meta é então muito simples: conseguir fechar hermeticamente de novo essa tampa tão rápido quanto possível. Isso significa que eu quero que você volte a ser o que era antes. Não existe nenhuma forma mais poderosa para conseguir que alguém faça o que você quer do que fazer com que essa pessoa se sinta culpada. Se você quer que qualquer coisa seja feita por uma outra pessoa, você fará com que ela se sinta bem culpada e ela fará o que você quer. Ninguém gosta de se sentir culpado.
A manipulação através da culpa é a marca registrada da mãe judia. Os que não são judeus também conhecem isso. Você poderia ser italiano, irlandês, polonês. Tanto faz, porque a síndrome é universal. O que eu vou fazer é tentar tornar você culpado e direi qualquer coisa assim: “O que aconteceu com você? Você costumava ser uma pessoa tão decente, boa, amorosa, preocupada com os outros, sensível, gentil, compreensiva. Agora, olhe para você! Como você mudou! Agora você não dá a mínima. Você é egoísta, só pensa em si mesmo, insensível,” e assim por diante. O que eu estou realmente tentando fazer é tornar você tão culpado que você acabe voltando a ser como era antes. Todo mundo sabe disso, certo?
Agora, se você está jogando o mesmo jogo de culpa que eu, você fará o que eu quero, a tampa volta a se fechar, e eu amarei você como amava antes. Se você não faz, e não joga mais esse jogo, eu vou ficar com muita raiva de você e o meu amor vai rapidamente virar ódio (que é o que era o tempo todo). Você sempre odeia a pessoa da qual depende pelas razões que eu dei no primeiro exemplo, porque a pessoa da qual você depende está sempre lembrando a você a sua culpa, que você odeia. E portanto, por associação, você também odeia a pessoa que pretende amar. Esse segundo exemplo mostra que isso é o que realmente é. Quando você não mais satisfizer as minhas necessidades assim como eu quero que sejam satisfeitas, começarei a odiar você. E eu te odiarei porque não consigo lidar com a minha culpa. É o que se chama o fim da lua-de-mel. Nos dias de hoje, isso parece acontecer cada vez mais depressa.
Quando as necessidades especiais não são mais satisfeitas da forma que costumavam ser, o amor vira ódio. O que acontece quando a outra pessoa diz que não vai mais ser a tampa do seu pote é bastante óbvio. Nesse caso, eu acho outra pessoa. Assim como uma das lições no livro de exercícios declara:
“Pode-se achar outra” (L-pI..:), e com bastante facilidade. Assim, você apenas passa a mesma dinâmica de uma pessoa para outra. Você pode fazer isso muitas vezes, repetindo sempre, até que faça alguma coisa com o seu problema real, que é a sua própria culpa.
Quando você realmente deixar que essa culpa se vá, estará pronto para entrar em um relacionamento diferente. Isso será amor tal como o Espírito Santo o vê. Mas até que faça isso, e a sua única meta é manter a sua própria culpa escondida, você apenas procura uma outra tampa para o pote. E o mundo sempre coopera muito bem para acharmos pessoas que satisfaçam essa necessidade para nós. E entramos em toda uma série de relacionamentos especiais um depois do outro, um processo que o Curso descreve com detalhes bastante dolorosos.
A terceira forma na qual o especialismo é um disfarce para o ódio, e para a culpa ao invés do amor, se mantém tanto para os relacionamentos especiais de ódio quanto para os de amor. Sempre que usamos as pessoas como um veículo para satisfazer as nossas necessidades, não estamos realmente vendo quem elas são; não estamos vendo o Cristo nelas. Ao invés disso, só estamos interessados em manipulá-las de forma a que a venham a satisfazer as nossas próprias necessidades. Não estamos realmente vendo-as como a luz que brilha nelas; estamos vendo-as na forma particular de escuridão que corresponderá a nossa forma particular de escuridão. E sempre que usarmos ou manipulamos qualquer um para preencher as nossas necessidades, estamos realmente atacando-o porque estamos atacando a sua verdadeira identidade como Filho de Deus ou Cristo, vendo-o como um ego, o que reforça o ego em nós mesmos. O ataque é sempre ódio, assim não podemos deixar de sentir culpa per ter agido assim.
Essas três formas nos mostram exatamente como o ego vai reforçar a culpa, mesmo se nos diz que está fazendo outra coisa. É por isso que o Curso descreve o relacionamento especial como o lar da culpa.
Mais uma vez, o que faz o amor especial ser tal devastação e uma defesa tão eficaz do ponto de vista do ego e que ele parece ser o que não é. Quando o amor especial acontece pela primeira vez parece ser uma coisa tão maravilhosa, santa, e amorosa. Todavia, como pode mudar rapidamente, se não formos capazes de ir além do que parece existir para confrontarmos com o problema básico que é a nossa culpa.
Ha um subtítulo importante no texto que se chama “Os dois retratos” (T-IV). Descreve a diferença entre o retrato do ego e o retrato do Espírito Santo. O retrato do ego é o amor especial e retrata a culpa, o sofrimento e, em última instância, a morte. Esse não é o retrato que o ego quer que vejamos, porque, repetindo, se realmente soubéssemos o que ele pretende, não prestaríamos nenhuma atenção a ele. Assim o ego coloca o seu retrato numa moldura muito bonita e cheia de enfeites que cintila com diamantes e rubis e todos os tipos de gemas sofisticadas. Nós somos seduzidos pela moldura, ou pelos bons sentimentos aparentes que o especialismo vai nos dar e não reconhecemos a dádiva real da culpa e da morte. Só quando nos aproximamos da moldura e realmente olhamos para ela podemos ver que os diamantes são realmente lágrimas e os rubis gotas de sangue. O ego, de fato, é apenas isso. Essa é uma parte muito poderosa do texto. Por outro lado, o retrato do Espírito Santo é muito diferente. A moldura do Espírito Santo tem muita folga e ela dá espaço para que possamos ver a dádiva real que é o Amor de Deus.
Há uma outra qualidade que é muito importante e sempre uma indicação indubitável para percebermos se estamos envolvidos em um relacionamento especial ou em um relacionamento santo. Sempre podemos notar isso pela nossa atitude para com as outras pessoas. Se estamos envolvidos em um relacionamento especial, esse relacionamento será exclusivo. Não haverá espaço nele para ninguém mais. A razão para isso é óbvia, uma vez que tenhamos reconhecido como o ego está realmente funcionando. Se eu fiz de você o meu salvador, e se você está me salvando da minha culpa, então isso significa que o seu amor por mim e a atenção que você me dá vão me salvar dessa culpa que eu estou tentando manter escondida. Mas se você começa a se interessar por qualquer coisa que não seja eu - seja uma outra pessoa ou outra atividade - você não está me dando cem por cento da sua atenção. Qualquer que seja a medida do deslocamento do seu interesse ou da sua atenção para outra coisa ou outra pessoa, nessa medida haverá menos para mim. Isso significa que, se eu não recebo cem por cento, essa tampa do meu pote vai começar a soltar-se. E essa é a fonte de todo ciúme. As pessoas ficam com ciúme por sentirem que as suas necessidades especiais não serão satisfeitas da forma como deveriam.
Portanto, se você ama alguma outra pessoa além de mim, isso significa que eu vou receber menos amor. Para o ego, o amor é quantitativo. Há apenas uma certa quantidade disponível. Logo, se eu amo essa pessoa não posso amar aquela com a mesma intensidade. Para o Espírito Santo, o amor é qualitativo e abraça todas as pessoas. Isso não significa que amamos todas as pessoas da mesma forma, isso não é possível neste mundo. Mas, de fato, significa que a fonte do amor é a mesma; o amor em si é o mesmo, contudo os meios de expressão serão diferentes.
Eu vou ‘amar’ os meus pais ‘mais’ do que amo os pais de qualquer pessoa nessa sala, não em qualidade, mas em quantidade. O amor será basicamente o mesmo, todavia, como é óbvio será expresso de um modo diferente. Isso não significa que, porque eu amo meus pais vou amar os seus menos, ou que meus pais sejam melhores do que os seus. Tudo o que isso quer dizer é que essas são as pessoas que eu escolhi, pois no meu relacionamento com elas aprenderei o perdão que vai permitir que eu me lembre do Amor de Deus. Isso não significa que você deva sentir-se culpado por ter um relacionamento mais profundo com certas pessoas do que com outras. Há exemplos muito claros disso nos evangelhos, onde Jesus era mais íntimo de certos discípulos do que de outros, e era mais íntimo de seus discípulos do que dos seus outros seguidores. Não quer dizer que ele amasse menos a nenhuma daquelas pessoas, mas que a expressão do amor era mais íntima e profunda com uns do que com outros.
Um relacionamento santo significa que, por amar uma pessoa, você não está excluindo uma outra; isso não acontece às custas de ninguém. O amor nesse mundo não é assim.O amor especial será sempre as custas de alguém. É sempre um amor de comparações, onde certas pessoas são comparadas com outras; algumas não são boas o suficiente e algumas são aceitáveis.
Do ponto de vista do relacionamento santo, você apenas reconhece que certas pessoas foram ‘dadas’ a você e foram escolhidas por você de modo que você possa aprender e ensinar certas lições, mas isso não faz com que aquela pessoa seja melhor ou pior do que ninguém mais. Repetindo, é assim que você pode sempre distinguir um relacionamento especial de um relacionamento santo: pela medida na qual ele exclui as outras pessoas.

MENTALIDADE ERRADA: O ciclo de ataque-defesa


Um ciclo secundário que se estabelece é o de ataque-defesa. Uma vez que eu acredito que sou culpado e projeto a minha culpa em você através do ataque, eu tenho que acreditar (pelo princípio mencionado anteriormente) que a minha culpa exigirá punição. Como eu ataquei você, não posso deixar de acreditar que mereço ser atacado de volta. Agora, se você de fato me ataca ou não, pouco importa realmente; vou acreditar que você vai fazê-lo, devido a minha própria culpa. Acreditando que você vai me atacar de volta, eu então acredito que preciso defender-me contra o seu ataque. E como estou tentando negar o fato de ser culpado, sentirei que o seu ataque contra mim não tem justificativa. No momento em que eu o ataco, o meu medo inconsciente é que você me ataque de volta e é melhor que eu esteja preparado para isso. Assim tenho que construir uma defesa contra o seu ataque. Isso fará com que você fique com medo, e assim nós nos tornamos parceiros nisso; quanto mais eu o ataco, mais você tem que se defender de mim retornando o meu ataque, e mais eu terei que me defender contra você e atacá-lo de volta. E nós seguimos assim para frente e para trás (L pI. -).
Essa dinâmica, obviamente, é o que explica a insanidade da corrida de armas nucleares. Também explica a insanidade que todos nós sentirmos. Quanto maior a minha necessidade de defender-me, mais eu estou reforçando o fato de ser culpado. É também muito importante que se compreenda isso nos termos do ego, e está dito provavelmente na sua forma mais clara em uma frase do texto que diz: “Defesas fazem exatamente aquilo do qual pretendem te defender” (T-IV.:l). O propósito de todas as defesas é proteger-nos ou defender-nos do nosso medo. Se eu não tivesse medo, não teria que ter uma defesa, mas o próprio fato de precisar de uma defesa me diz que devo estar amedrontado, pois se não estivesse não teria que me dar ao trabalho de me defender. O próprio fato de eu estar me
defendendo reforça o fato de que devo estar amedrontado e, devo estar amedrontado, porque sou culpado. Assim as minhas defesas estão reforçando exatamente a coisa da qual me deveriam proteger—o meu medo. Portanto, quanto mais eu me defendo, mais ensino a mim mesmo que sou um ego: pecador, culpado, e amedrontado.
O ego não é realmente tolo. Ele nos convence de que temos que nos defender, mas quanto mais o fazemos, mais culpados nos sentimos. Ele nos diz de muitas formas diferentes como temos que nos defender da nossa culpa. Mas a própria proteção que ele nos oferece reforçará essa culpa. E por isso que vivemos dando voltas e mais voltas no mesmo lugar. Há uma lição maravilhosa que diz: “A minha segurança está em ser sem defesas.” (L-pI.). Se eu vou saber verdadeiramente que estou a salvo e que a minha proteção verdadeira é Deus, a melhor maneira de fazer isso é não me defender. E por isso que lemos nos evangelhos sobre os últimos dias de Jesus e vemos que ele não se defendeu absolutamente. A partir do momento que foi preso, durante todo o tempo em que estava sendo escarnecido, açoitado, perseguido e até assassinado, ele não se defendeu. E o que ele estava dizendo era: "Eu não preciso de defesas”, pois como ele diz no livro de exercícios, “O Filho de Deus não precisa de defesas contra a verdade da sua realidade” (L-pI.:). Quando sabemos verdadeiramente Quem somos e Quem é o nosso Pai, nosso Pai no Céu, não temos que nos proteger pois a verdade não precisa ser defendida. Contudo, dentro do sistema do ego, sentiremos que precisamos de proteção e assim sempre nos defenderemos. Portanto, esses dois ciclos realmente agem para manter todo o sistema do ego em funcionamento. Quanto mais nos sentimos culpados, mais atacaremos. Quanto mais atacamos, mais sentimos a necessidade de defender-nos da punição esperada ou do contra-ataque, que é, em si mesmo, um ataque.
O segundo capítulo do Gênesis termina com Adão e Eva de pé, nus, um diante do outro, sem vergonha alguma. A vergonha é apenas um outro nome para a culpa, e a ausência de vergonha é uma expressão da condição que existia antes da separação. Em outras palavras, não havia culpa porque não havia nenhum pecado. E no terceiro capítulo que se fala do pecado original, e esse começa com Adão e Eva comendo do fruto proibido. Esse ato constitui a sua desobediência para com Deus, e esse é realmente o pecado. Em outras palavras, eles vêem a si mesmos como se tivessem uma vontade separada de Deus e esta pudesse escolher alguma coisa diferente do que Deus tinha criado. E isso, mais uma vez, é o nascimento do ego: acreditar que o pecado é possível. Assim, eles comem esse fruto e a primeira coisa que fazem depois disso é olhar um para o outro—e dessa vez eles sentem vergonha e se cobrem. Colocam folhas de figueira sobre os seus órgãos sexuais e isso então passa a ser uma expressão da sua culpa. Compreendem que fizeram uma coisa pecaminosa, e a nudez de seus corpos vem a ser o símbolo de seu pecado.
Conseqüentemente, eles tem que se defender disso, que passa a expressar a sua culpa.
A próxima coisa que acontece é Adão e Eva ouvirem a voz de Deus, que os está procurando e agora eles ficam com medo do que Deus vai fazer quando os pegar. Assim se escondem nas moitas para que Deus não os veja. Aí está clara a conexão entre a crença no pecado—que é possível separar-se de Deus—e o sentimento de culpa por ter feito isso, seguido do medo do que vai acontecer quando Deus nos pegar e nos punir. De fato, à medida que o terceiro capítulo continua, Adão e Eva estavam absolutamente certos porque Deus realmente os castiga. A coisa interessante é que quando Deus afinal confronta Adão, ele projeta a culpa em Eva e diz: “Não fui eu que fiz isso, foi Eva que me fez fazer isso. (E sempre a mulher que leva a culpa). Então Deus olha para Eva, que faz exatamente a mesma coisa e diz: “Não fui eu que fiz isso. Não me culpe, foi a serpente”. Assim vemos com
clareza o que fazermos para nos defender do nosso medo e da nossa culpa: projetamos a culpa em um outro.
Lembrem-se do que eu disse anteriormente: a culpa sempre exigirá punição. O ego exige que Adão e Eva sejam punidos por seu pecado, assim quando Deus os encontra, Ele os castiga com uma vida cheia de dor e sofrimento, a partir do nascimento até o fim, que é a morte. No fim do dia, vou dizer-lhes como Jesus desfaz todo esse processo. De qualquer modo, esse capítulo do Gênesis é o sumário perfeito de toda a estrutura do ego: o relacionamento entre pecado, culpa, e medo.
Uma das formas mais importantes do ego se defender da culpa é atacando outras pessoas, e é isso o que a nossa raiva sempre parece fazer: justificar a projeção da nossa culpa sobre os outros. É extremamente importante reconhecermos como é forte o investimento do mundo, e de cada um de nós como parte do mundo, em justificar o fato de estarmos com raiva, porque todos nós precisamos ter um inimigo. Não há ninguém neste mundo que, em um nível ou outro, não revista o mundo de qualidade boas e más. E nós separarmos partes do mundo e colocamos algumas pessoas na categoria do que é bom e outras na categoria do que é mau. O propósito disso é a nossa tremenda necessidade de termos alguém para projetarmos a nossa culpa. Precisamos de, pelo menos, uma pessoa ou uma idéia ou um grupo, que possamos transformar no bandido, no bode expiatório. Essa é a fonte de todo preconceito e discriminação. É a tremenda necessidade que temos, que usualmente é inconsciente, de encontrar alguém que possamos transformar no bode expiatório para podermos escapar da carga da nossa própria culpa. Foi isso o que aconteceu desde o início da história. Tem sido esse o caso em cada sistema de pensamento, ou forma de vida importante que jamais existiu no mundo. Tudo sempre se predicou com base no fato de existirem os mocinhos e os bandidos.
Vocês certamente podem ver isso na história do próprio cristianismo. Desde o início, houve o processo de separar os bons dos maus. Os judeus que acreditavam em Jesus contra os judeus que não acreditavam em Jesus, e depois aqueles que acreditavam em Jesus se separaram entre os seguidores de são Pedro, são Paulo, são Tiago etc., e a Igreja se tem subdividido desde então. Isso acontece devido a essa mesma necessidade inconsciente de encontrarmos alguém que possamos ver como diferente e não tão bom quanto nós mesmos. Mais uma vez, é extremamente útil para nós reconhecermos como é forte o investimento que temos nesse processo. E por isso que no cinema todos ficam contentes no final quando o mocinho ganha e o bandido perde. Nós temos o mesmo investimento em ver o bandido ser punido, pois naquele momento acreditamos ter escapado dos nossos pecados.

CAPÍTULO MENTALIDADE ERRADA. Negação e projeção


Eu acho que devo dar uma mãozinha a Freud, que tem recebido más críticas nos dias de hoje. As pessoas gostam muito de Jung e dos psicólogos não tradicionais, e com certa razão, mas Freud foi varrido para o pano de fundo. Contudo, a compreensão básica do ego no Curso se baseia diretamente nos ensinamentos de Freud. Ele era um homem brilhante, e se não fosse por Freud, Um Curso em Milagres não teria existido. O próprio Jung nos diz, apesar de todos os problemas que tinha com Freud, que ele estava sendo levado nas costas de Freud. E isso é verdade para todas as pessoas que vieram depois de Freud. Freud descreve de modo muito sistemático e muito lógico exatamente como o ego funciona.
Deixe-me apenas mencionar que Freud usa a palavra ‘ego’ de um modo diferente daquele usado pelo Curso. No Curso, ‘ego’ é usado basicamente com a mesma conotação que existe no Oriente. Em outras palavras, o ego é o ser com letra minúscula. Para Freud, o ego é apenas uma parte da psiquê, que consiste do id (o inconsciente), o superego (o consciente), e o ego, que é a parte da mente que integra tudo isso. O Curso usa a palavra ‘ego’ de formas que seriam basicamente equivalentes a psiquê total de Freud. Vocês simplesmente tem que fazer essa transição para trabalhar com o Curso.
Incidentalmente, o único erro de Freud foi monumental! Ele não reconheceu que toda a psiquê era uma defesa contra o nosso verdadeiro Ser, a nossa verdadeira realidade. Freud tinha tanto medo da sua própria espiritualidade que ele teve que construir todo um sistema de pensamento que era virtualmente impregnável à ameaça do espírito. E ele, de fato, fez exatamente isso. Mas foi brilhante ao descrever como a psiquê ou o ego trabalha. O seu erro, mais uma vez, foi não reconhecer que a coisa toda era uma defesa contra Deus. Basicamente, o que nós dissemos hoje a respeito do ego está baseado no que Freud havia dito. Nós todos temos para com ele um tremendo débito de gratidão. Particularmente notáveis foram as contribuições de Freud na área dos mecanismos de defesa, ajudando-nos a compreender como nos defendemos contra toda a culpa e medo que sentimos.
Quando vamos ao ego em busca de ajuda, abrimos um livro de Freud e achamos duas coisas que nos vão ajudar muito. A primeira é repressão ou negação. (O Curso nunca usa a palavra ‘repressão’; ele usa a palavra ‘negação’. Mas vocês podem usar uma ou outra.) O que fazermos com essa culpa, esse senso de pecado, e com todo esse terror que sentimos é fazer de conta que não existem. Nós apenas os empurramos para o fundo, fora da consciência, e esse empurrar para baixo é conhecido como repressão ou negação.
Apenas negamos a sua existência para nós mesmos. Por exemplo, se estamos com muita preguiça de varrer o chão, varremos a sujeira para baixo do tapete e então fazemos de conta que não está ali; ou um avestruz que quando tem medo apenas enfia a cabeça na areia para não ter que lidar com o que o ameaça tanto, nem sequer se defrontar com isso. Bem, isso não funciona por razões óbvias. Se continuamente varremos a sujeira para baixo do tapete, ele vai ficar cheio de caroços e nós eventualmente vamos tropeçar, enquanto o avestruz pode se ferir muito continuando com a sua cabeça virada para baixo.
Mas, em algum nível, sabemos que a nossa culpa está lá. Assim, vamos ao ego mais uma vez para lhe dizer que “negar foi ótimo, mas você vai ter que fazer alguma outra coisa. Esse negócio vai subir e eu vou explodir. Por favor, ajude-me.” E aí o ego diz: “Eu tenho a coisa certa para você.” Ele nos diz para procurar na página tal e tal na Interpretação dos Sonhos de Freud e lá nos achamos o que se conhece como projeção. Provavelmente não há nenhuma idéia em Um Curso em Milagres que seja mais crítica para a nossa compreensão do que essa. Se vocês não compreenderem a projeção, não compreenderão única palavra no Curso, nem em termos de como o ego funciona, nem em termos de como o Espírito Santo vai desfazer o que o ego tem feito. Projeção muito simplesmente significa que você tira alguma coisa de dentro de si mesmo e diz que realmente isso não está aí; está fora de você, dentro de outra pessoa. A palavra em si literalmente significa jogar fora, atirar algo a partir de, ou em direção a alguma outra coisa ou pessoa, e isso é o que todos nós fazermos na projeção. Nós tomamos a culpa ou o pecado que acreditamos estar dentro de nós e dizemos: Isso não está realmente em mim, está em você. Eu não sou culpado, você é culpado. Eu não sou responsável por ser miserável e infeliz, você sim é culpado pela minha infelicidade. Do ponto de vista do ego, não importa quem seja o ‘você’. Para o ego, não importa em cima de quem você projeta, contanto que ache alguém para descarregar a sua culpa. E assim que o ego nos diz para nos livrarmos da culpa.
Uma das melhores descrições que eu conheço desse processo de projeção se encontra no Velho Testamento, no Levítico, onde é dito aos filhos de Israel o que fazer no dia do perdão, Yom Kippur. Eles devem reunir-se e no centro do campo está Arão que, como Sumo Sacerdote, é o mediador entre o povo e Deus. Ao lado de Arão está um bode e Arão coloca a sua mão sobre o bode e simbolicamente transfere todos os pecados que o povo acumulou durante todo o ano para esse pobre bode. Eles, então, chutam o bode para fora do campo. Esse é um relato perfeito e gráfico do que é exatamente a projeção e, como não poderia deixar de ser, é daí que vem a expressão ‘bode expiatório’.
Assim, tomamos os nossos pecados e dizemos que eles não estão em nós, estão em você. Com isso colocamos uma distância entre nós mesmos e nossos pecados. Ninguém quer estar perto de seus próprios pecados, e assim nós os tiramos de dentro de nós e os colocamos em outra pessoa e depois banimos essa pessoa de nossa vida. Há duas formas básicas de fazermos isso. Uma é nos separarmos fisicamente dela; a outra é nos separarmos psicologicamente. A separação psicológica é realmente a mais devastadora e também a mais sutil.
O modo de nos separarmos de outras pessoas, uma vez tendo colocado nossos pecados sobre elas, é atacá-las ou ficar com raiva. Qualquer expressão da nossa raiva—seja na forma de um leve toque de aborrecimento ou fúria intensa (não faz nenhuma diferença; elas são a mesma [L-pI.: -J)— é sempre uma tentativa de justificar a projeção da nossa culpa, não importa qual pareça ser a causa da nossa raiva. Essa necessidade de projetar a nossa culpa é a raiz da causa de toda a raiva. Você não tem que concordar com o que as outras pessoas dizem ou fazem, mas no minuto em que experimenta uma reação pessoal de raiva, julgamento ou crítica, isso vem sempre porque você viu naquela pessoa alguma coisa que negou em Si mesmo. Em outras palavras, você está projetando o seu próprio pecado e culpa naquela pessoa e os ataca lá. Mas dessa vez, você não os está atacando em si mesmo, e sim naquela outra pessoa, que você quer tão longe quanto possível. O que você realmente quer fazer é conseguir que o seu pecado fique tão longe de si mesmo quanto possível.
Uma das coisas interessantes quando alguém lê o Velho Testamento, especialmente o Levítico ou terceiro livro da Tora, é ver como os filhos de Israel eram minuciosos em suas tentativas de identificar as formas de sujeira que estavam a sua volta e como deveriam manter-se separados de todas elas. Há passagens bastante detalhadas descrevendo o que é a sujeira, seja nas qualidades das pessoas, nas formas da própria sujeira ou em certas pessoas por si mesmas. Depois, explica-se como os filhos de Israel deveriam manter-se separados dessas formas de sujeira. Quaisquer que sejam as outras razões que podem ter estado envolvidas, um significado central desses ensinamentos era a necessidade psicológica de tirar a sua própria sujeira de dentro de você e colocá-la do lado de fora em outra pessoa, e depois separar-se daquela pessoa.
Quando se tem essa compreensão é interessante entrar no Novo Testamento e ver como Jesus era contra isso. Ele abraçou todas as formas de sujeira que as pessoas tinham definido e viam como parte essencial de sua religião manterem-se separadas daquilo tudo. Ele fazia questão de abraçar os elementos sociais identificados pela lei judaica como proscritos, como se estivesse dizendo: “Você não pode projetar a sua culpa nas outras pessoas. Você tem que identificá-la em si mesmo e curá-la onde ela está.” E por isso que Os evangelhos dizem coisas tais como você deve limpar o interior do seu copo e não o exterior; não se preocupe com o argueiro no olho do seu irmão, preocupe-se com a trave no seu; não é o que entra no homem que faz com que ele não seja limpo, mas o que vem de seu interior. O sentido disso e exatamente o mesmo encontrado no Curso: a fonte do nosso pecado não esta fora, mas dentro. Mas a projeção busca fazer com que vejamos nossos pecados fora de nós, procurando então resolver o problema do lado de fora de modo que nunca possamos perceber que o problema esta dentro da gente.
Quando vamos ao ego em busca de ajuda e dizemos: “Ajude-me a me livrar da minha culpa,” o ego diz: “Está bem, o meio de você se livrar da sua culpa é em primeiro lugar reprimi-la, depois projetá-la para outras pessoas. E assim que você se livra da sua culpa.” O que o ego não nos diz é que projetar a culpa é um ataque e é a melhor maneira de conservarmos a culpa. O ego não é nenhum tolo: ele quer que continuemos culpados. Deixem-me explicar essa idéia brevemente porque ela é também uma das idéias centrais para compreendermos os conselhos do ego.
Um Curso em Milagres nos fala da “atração da culpa” (T-IV-A. -). O ego é muito atraído pela culpa, e os seus motivos são óbvios uma vez que você se lembre do que ele é. A explicação racional do ego para os seus conselhos de negação e projeção é a seguinte: o ego não é nada mais do que uma crença, a crença segundo a qual a separação é real. O ego é o falso ser que aparentemente passou a existir quando nós nos separamos de Deus. Portanto, enquanto acreditarmos que a separação é real, o ego continua em cena. Uma vez que acreditarmos que não há nenhuma separação, então o ego está terminado. Como nos diz o Curso, o ego e o mundo que ele fez desaparecem no nada de onde ele veio (M-l:). O ego não é nada realmente. Enquanto acreditarmos que aquele pecado original ocorreu, que o pecado da separação é real, estamos dizendo que o ego é real. É a culpa que nos ensina que o pecado é real. Qualquer sentimento de culpa é sempre uma declaração que diz: “Eu pequei”. E o significado último do pecado é que eu me separei de Deus. Portanto, enquanto eu acreditar que o meu pecado é real, sou culpado. Quer eu veja o meu pecado em mim ou em outra pessoa, estou dizendo que o pecado é real, e que o ego é real. O ego, portanto, tem interesse em nos manter culpados.
Sempre que o ego seja confrontado com a impecabilidade, ele vai atacá-la, pois o maior pecado contra o sistema de pensamento do ego é ser sem culpa. Se você é sem culpa, você também é sem pecado, e se você é impecável, não há ego. Há uma frase no texto que diz: “Para o ego, os que não tem culpa são culpados” (T-II.:), porque ser sem culpa é pecar contra o mandamento do ego: “Tu serás culpado”. Se você não tem culpa, você então passa a ser culpado por não ter culpa. Essa, por exemplo, foi a razão pela qual o mundo matou Jesus. Ele nos estava ensinando que somos sem culpa e, portanto, o mundo teve que matá-lo porque ele estava blasfemando contra o ego.
Assim sendo, o propósito fundamental do ego é manter-nos culpados. Mas ele não nos pode dizer isso porque, se o fizer, não vamos prestar nenhuma atenção a ele então ele nos diz que se seguirmos o que ele nos aconselha, ficaremos livres da nossa culpa. E o modo de conseguirmos isso, mais uma vez, é negar a sua presença em nós, vê-la em alguma outra pessoa e depois atacar essa pessoa. Assim ficaremos livres da nossa culpa. Mas, o que ele não nos diz é que atacar é o melhor meio de nos manter culpados. Isso e verdade porque, como declara um outro axioma psicológico, sempre que você ataca uma pessoa qualquer, seja na sua mente ou de fato, você se sentirá culpado. Não há forma alguma de ferir qualquer um, seja em pensamento ou atos, que não acarrete sentimentos de culpa. Você pode não experimentar a culpa—por exemplo, psicopatas não experimentam a própria culpa—mas isso não significa que em um nível mais profundo não se sintam culpados.
Nesse ponto, o que o ego faz, e de modo muito astuto, é estabelecer um ciclo de culpa e ataque através do qual quanto mais culpados nos sentimos, maior será a nossa necessidade de negar a culpa em nós mesmos atacando uma outra pessoa por isso. Contudo, quanto mais atacamos um outro, maior será a nossa culpa pelo que fizemos, pois em algum nível reconhecemos que atacarmos aquela pessoa falsamente. Isso só nos fará sentir culpa e manterá a coisa toda indefinidamente. É esse ciclo de culpa e ataque que faz o mundo girar, não é o amor. Se alguém lhe diz que o amor faz o mundo girar, esse alguém não sabe grande coisa sobre o ego. O amor é do mundo de Deus e é possível refletir esse amor neste mundo. Todavia, neste mundo o amor não tem lugar. O que tem lugar é culpa e ataque, e é essa a dinâmica que está tão presente em nossas vidas, seja a nível individual, ou seja a nível coletivo.

Capítulo / MENTALIDADE ERRADA


O SISTEMA DE PENSAMENTO DO EGO
Os dois sistemas de pensamento que são críticos para a compreensão de Um Curso em Milagres são a mentalidade errada e a mentalidade certa. Como eu disse anteriormente, a mentalidade errada pode ser equiparada ao ego. A mentalidade certa pode ser equiparada ao sistema de pensamento do Espírito Santo, que é o perdão. O sistema de pensamento do ego não é muito feliz. O Curso torna muito claro que tanto o ego quanto o Espírito Santo são perfeitamente lógicos e consistentes em si mesmos. São também mutuamente exclusivos. Todavia, nos ajuda muito compreender exatamente o que é a lógica do ego, porque ele é muito lógico. Assim, uma vez que você perceba essa seqüência lógica, muitos pontos no texto, que de outra forma parecem obscuros, tornam-se bastante evidentes.
Uma das dificuldades ao estudarmos Um Curso em Milagres é que ele não se parece com nenhum dos outros sistemas de pensamento. A maioria procede de uma forma linear na qual você começa com idéias simples e vai construindo em cima delas em direção a complexidade. O Curso não é assim. O sistema de pensamento do Curso é apresentado de um modo circular. Parece andar em círculos sempre em volta do mesmo ponto uma e outra vez. Vamos pensar na imagem de um poço: você vai andando em círculos em volta do poço indo cada vez mais para baixo até chegar ao fundo. E o fundo desse poço seria Deus. Mas você continua andando em volta do mesmo círculo. Acontece que ao seguir cada vez mais para baixo, você se aproxima da fundação do sistema do ego. Mas é sempre a mesma coisa.
E é por isso que o texto diz a mesma coisa uma e outra vez. Como é quase impossível compreender isso da primeira vez, ou da centésima vez, você precisa das páginas. E um processo, e essa é uma das coisas que distinguem Um Curso em Milagres dos outros sistemas de espiritualidade. Apesar de ser apresentado como um sistema de pensamento bastante intelectualizado, é realmente um processo experimental. É escrito deliberadamente dessa forma, pois parte de um ponto de vista pedagógico e pretende nos fazer estudar de um modo diferente daquele que usaríamos para qualquer outro sistema, conduzindo-nos em volta desse poço. No processo de trabalhar com o material do Curso, e com o material das nossas vidas pessoais, nos compreenderemos cada vez mais o que o Curso nos diz.
Contudo, eu acho que nos ajuda bastante abordar o sistema de pensamento do ego de um ponto de vista linear, para podermos compreender como ele é construído. Isso fará com que seja mais fácil lermos o texto.
Pecado, culpa, e medo
Ha três idéias centrais para a compreensão do sistema de pensamento do ego. Esses são os fundamentos de todo o sistema: o pecado, a culpa, e o medo. Sempre que vocês virem a palavra ‘pecado’ no Curso, podem substituí-la pela palavra ‘separação’, porque as duas são a mesma. O pecado pelo qual nós nos sentimos mais culpados, que em última instância é a fonte de toda a nossa culpa, é o pecado de acreditarmos que estamos separados de Deus, o tópico que acabamos de descrever. Isso é em princípio a mesma coisa que as igrejas ensinaram como o ‘pecado original’. A descrição no terceiro capítulo do Gênesis nos dá um relato perfeito do nascimento do ego. De fato, o primeiro subtítulo do Capítulo no texto fala sobre isso (T-I. -).
Assim o início do ego é acreditarmos que estamos separados de Deus. O pecado é isso: acreditarmos que nos separamos de nosso Criador e constituirmos um ser que é separado do nosso Ser verdadeiro. O Ser é sinônimo de Cristo. Sempre que vocês virem a palavra ‘Ser’ com letra maiúscula, podem substituí-la por ‘Cristo’.
Nós acreditamos que constituímos um ser (com ‘s’ minúsculo) que é a nossa verdadeira identidade e esse ser é autônomo com relação ao nosso Ser real e com relação a Deus. Esse é o começo de todos os problemas no mundo: acreditarmos que somos indivíduos separados de Deus. Uma vez que acreditamos que cometemos esse pecado, ou uma vez que acreditamos que cometemos qualquer pecado, é psicologicamente inevitável nos sentirmos culpados por aquilo que acreditamos que fizemos. Em certo sentido, a culpa pode ser definida como a experiência de termos pecado. Assim, podemos basicamente usar pecado e culpa como sinônimos: uma vez que acreditamos que pecamos é impossível não acreditarmos que somos culpados, passando a sentir o que conhecemos como culpa.
Quando Um Curso em Milagres fala sobre culpa, usa a palavra de modo um pouco diferente daquele no qual ela é usada geralmente, que quase sempre serve para conotar que eu me sinto culpado por aquilo que fiz ou deixei de fazer. A culpa está sempre ligada a coisas específicas do nosso passado. Mas essas experiências conscientes de culpa são apenas como o topo de um iceberg. Se vocês pensarem num iceberg, abaixo da superfície do mar está essa massa gigantesca que representaria o que é a culpa. A culpa é realmente a soma total de todas as crenças, experiências e sentimentos negativos que jamais tivemos sobre nós mesmos. Assim, a culpa pode ser qualquer forma de ódio ou rejeição de si mesmo; sentimentos de incompetência, fracasso, vazio, ou a sensação de que há coisas em nós que estão faltando, ou estão perdidas, ou são incompletas.
A major parte dessa culpa é inconsciente; é por isso que a imagem de um iceberg é tão útil. A maior parte das experiências que nos indicariam o quanto nós nos sentirmos mal estão abaixo da superfície da nossa mente consciente, o que faz com que sejam virtualmente inacessíveis a nós. E a maior fonte de toda essa culpa é acreditarmos que pecamos contra Deus por nos separarmos d’Ele. Como resultado disso, vemos a nós mesmos separados de todas as outras pessoas e do nosso Ser.
Uma vez que nos sentimos culpados é impossível não acreditarmos que seremos punidos pelas coisas terríveis que acreditamos ter feito e pelas coisas terríveis que acreditarmos ser. Como o Curso nos ensina, a culpa sempre exige punição. Uma vez que nos sentimos culpados, acreditaremos que temos que ser punidos pelos nossos pecados. Psicologicamente não há nenhuma forma de evitarmos esse passo. Então teremos medo. Todo medo, não importa qual pareça ser a sua causa no mundo, vem da crença de que eu devo ser punido pelo que fiz ou pelo que não fiz. E assim terei medo do que será essa punição.
Por acreditarmos que o objeto último do nosso pecado é Deus, contra o qual pecamos por nos separarmos d’Ele, acreditaremos então que será o próprio Deus que virá nos punir. Quando lemos a Bíblia e nos deparamos com todas aquelas passagens terríveis sobre a ira e a vingança de Deus, agora sabemos onde elas tiveram origem. Isso nada tem a ver com Deus como Ele é, já que Deus é apenas Amor. Todavia isso tem tudo a ver com as projeções da nossa culpa sobre Ele. Não foi Deus quem expulsou Adão e Eva do Jardim do Éden; Adão e Eva expulsaram a si mesmos do Jardim do Éden.
Uma vez que acreditamos haver pecado contra Deus, o que todos nós fazemos, temos que acreditar também que Deus nos punirá. O Curso nos fala dos quatro obstáculos para a paz, e o último obstáculo é o medo de Deus (T-IV-D). O que fizemos, e claro, por nos tornarmos amedrontados em relação a Deus, foi transformar o Deus do Amor em um Deus de medo: um Deus de ódio, punição e vingança. E justamente isso que o ego quer que façamos. Uma vez que nos sentimos culpados, pouco importa de onde acreditamos que venha essa culpa, também acreditarmos não apenas que somos culpados, mas que Deus nos vai atacar e matar. Assim, Deus, que é o nosso Pai cheio de amor é nosso único Amigo, vem a ser nosso inimigo. E Ele é um inimigo e tanto, nem sequer é preciso dizer. Mais uma vez, essa é a origem de todas as crenças que encontramos na Bíblia, ou em qualquer outro lugar, sobre Deus como um Pai que nos vai punir. Acreditar que Ele é assim é atribuir-Lhe as mesmas qualidades egóticas que nós temos. Como disse Voltaire: “Deus criou o homem a Sua própria imagem e depois o homem Lhe devolveu o cumprimento”. O Deus que nós criamos é realmente a imagem de nosso próprio ego.
Ninguém pode existir nesse mundo com esse grau de medo e terror, e com essa intensidade de ódio e culpa contra si mesmo na sua mente consciente. Seria absolutamente impossível para nós vivermos com essa quantidade de ansiedade e terror, isso nos devastaria. Portanto, tem que haver algum meio de lidarmos com isso. Como não podemos ir a Deus em busca de ajuda, já que dentro do sistema do ego nós transformamos Deus em um inimigo. O único outro recurso disponível é o próprio ego.
Nós vamos ao ego em busca de ajuda e dizemos: “Olhe, você tem que fazer alguma coisa, eu não posso tolerar toda essa ansiedade e todo o terror que sinto. Ajude-me!” O ego, fiel à sua forma, nos oferece uma ajuda que não nos ajuda absolutamente, embora pareça que sim. A ‘ajuda’ vem em duas formas básicas e é, de fato, aqui que as contribuições de Freud podem ser verdadeiramente compreendidas e apreciadas.

MENTALIDADE UNA - O MUNDO DO CÉU (UM CURSO DE MILAGRES)


Uma forma talvez útil de apresentar o material em Um Curso em Milagres é dividi-lo em três partes, já que o Curso realmente representa três sistemas de pensamento diferentes: Mentalidade Una, que representa o mundo do Céu; mentalidade errada, que representa o sistema de pensamento do ego; e mentalidade certa, que representa o sistema de pensamento do Espírito Santo.
Também é útil no início que se note que Um Curso em Milagres é escrito em dois níveis. O primeiro nível representa a diferença entre a Mente Una e a mente dividida, enquanto o segundo nível contrasta a mentalidade errada com a mentalidade certa. No primeiro nível, por exemplo, o mundo e o corpo são considerados como ilusões feitas pelo ego. Assim simbolizam a separação de Deus.
O segundo nível tem relação com esse mundo onde nós acreditamos estar e nesse nível o mundo e o corpo são vistos como neutros e podem servir a um dos dois propósitos. Para a mente errada do ego, são instrumentos usados para reforçar a separação. Para a mente certa, são as ferramentas de ensino do Espírito Santo, através das quais aprendemos as Suas lições de perdão. Portanto, nesse segundo nível, as ilusões se referem às percepções equivocadas do ego; por exemplo: ver ataque ao invés de um pedido de amor, pecado ao invés de erro.
Com isso em mente, vamos então dar início a nossa discussão dos três sistemas de pensamento do Curso. Nós começaremos com o primeiro, que é na realidade o único, e é descrito no começo do texto como a Mentalidade-Una do Cristo ou de Deus. Esse é um sistema de pensamento que não tem nada a ver com esse mundo. Falarei dele brevemente agora e depois nós o deixaremos de lado porque, com efeito, não é nesse aspecto que o Curso investe o seu trabalho. É o seu suporte e fundamento, mas não é realmente onde o trabalho tem que ser feito.
A Mentalidade-Una é o mundo do Céu, o que Um Curso em Milagres descreve como conhecimento. Uma das coisas difíceis, quando se chega ao Curso pela primeira vez, é que ele usa as palavras de um modo diferente daquele que é usado na linguagem comum. Se você impuser a sua própria compreensão a uma palavra no Curso, você terá muita dificuldade. Palavras tais como ‘pecado’, ‘mundo’, ‘realidade’, ‘Deus’, ‘Jesus’, ‘conhecimento’ etc., são usadas de modo um pouco diferente daquele usado normalmente. Se você fizer justiça ao Curso e quiser entender o que ele está dizendo, quer concorde com ele ou não, terá que compreender também o significado das palavras e como ele as emprega em seu próprio contexto.
Uma dessas palavras é ‘conhecimento’. O Curso não usa a palavra “conhecimento” como nós a usamos normalmente. O conhecimento se refere apenas a Deus e o mundo do conhecimento não tem nada a ver com esse mundo. O conhecimento não é uma crença ou um sistema de pensamento. E uma experiência, e uma experiência que transcende todas as coisas desse mundo. Assim, o mundo do Céu ou o mundo do conhecimento ou o mundo espiritual de Deus são a mesma coisa. Quando Um Curso em Milagres fala do mundo do espírito, isso não tem nada a ver com o mundo material. O espírito é a nossa verdadeira realidade, o nosso verdadeiro lar, e mais uma vez não tem nada a ver com a nossa experiência com a realidade aqui.
O conceito central no Céu, ou o mundo do conhecimento, é a Trindade. Falarei brevemente a respeito da definição do Curso para a Trindade, mas em primeiro lugar permitam-me falar sobre uma outra coisa, e essa é uma objeção que muitas pessoas fazem em relação ao Curso: se o tema do Curso, seu pensamento em geral é de natureza universal—que todos somos um—porque ele veio em um formato especificamente cristão?
A resposta para isso faz sentido à luz de um dos princípios fundamentais do Curso: você tem que desfazer o erro onde ele se encontra. Não há dúvida de que a influência dominante no mundo ocidental é o cristianismo. Não existiu ainda um sistema de pensamento mais poderoso no mundo, quer você se identifique como um cristão ou não. Não há ninguém nesse mundo, certamente não no mundo ocidental, que não tenha sido profundamente afetado pelo cristianismo. Quer nos identifiquemos com o cristianismo ou não, vivemos num mundo cristão. O nosso calendário é baseado no nascimento e na morte de Jesus. No entanto, a cristandade não tem sido muito cristã, o que não precisa sequer ser mencionado ao considerarmos a história das igrejas.
Como o cristianismo teve impacto tão forte no mundo, e ainda tem—e não tem sido um impacto muito cristão—era essencial que os erros do cristianismo fossem desfeitos em primeiro lugar, antes que qualquer outra coisa pudesse ser feita para mudar radicalmente o sistema de pensamento do mundo. É por isso, acredito eu, que Um Curso em Milagres veio nessa forma especificamente cristã. Assim sendo, qualquer um que leia o Curso, tendo tido uma base cristã, reconhecerá de início que o cristianismo ao qual o Curso se refere não tem nada a ver com o cristianismo que lhe foi ensinado. O marido de Helen, Louis, um homem muito identificado com o judaísmo, disse-me uma vez que ele sabia que se o Cristianismo tivesse sido como o Curso, o antisemitismo nunca teria existido. Não há dúvida a respeito disso.
O Curso, portanto, veio na forma que veio para corrigir os erros introduzidos pelo cristianismo. Ao longo de todo o Curso, especialmente nos primeiros capítulos do texto, há numerosas referências a Bíblia (mais de) e muitas foram re-interpretadas. Os capítulos e tem, no início, parágrafos muito fortes sobre a crucificação nos quais Jesus coloca claramente o que estava errado na forma das pessoas compreenderem a sua crucificação. (T-I: T-I). Ele explica porque isso aconteceu e como todo um sistema de pensamento se desenvolveu a partir desse erro. A discussão de Jesus não é tradicionalmente cristã, apesar dos seus princípios serem cristãos no sentido que ele lhes deu originalmente.
É por isso que Um Curso em Milagres é cristão em sua forma e também é por isso que, muitas vezes ao longo do texto, Jesus nos diz que ele precisa do nosso perdão. Isso se aplica quer você seja cristão, judeu, ou ateu. Não há ninguém neste mundo que, em um nível ou outro, conscientemente ou não, não tenha feito de Jesus um inimigo. A razão disso é a mesma razão pela qual as pessoas acham que o Curso é um inimigo. Ele ameaça o próprio fundamento do sistema egótico. Assim, mais uma vez, antes de podermos nos mover além do que tem sido o cristianismo, primeiro temos que perdoá-lo. Mais uma vez, isso está totalmente dentro dos princípios do Curso.
O fato do Curso usar terminologia cristã tem sido uma pedra no caminho de praticamente todas as pessoas que o lêem. É obviamente uma pedra para aqueles educados como judeus, pois aos judeus é ensinado que ‘Jesus’ é uma palavra negativa bem cedo em suas vidas. É uma pedra no caminho da maioria dos cristãos porque o Curso expressa uma forma de cristianismo diferente do cristianismo que eles conhecem. Para um ateu, obviamente há problemas também. Mais uma vez, não há praticamente ninguém que não venha a experimentar alguma dificuldade com Um Curso em Milagres devido a sua forma. Portanto, o fato de ser cristão é deliberado; O fato de Jesus não esconder ser ele o autor também não é nenhum acidente. O propósito é realmente ajudar o mundo a perdoá-lo e a perdoar a si mesmo por suas interpretações equivocadas.