terça-feira, 29 de novembro de 2016

- CONTINUAÇÃO CAPITULO I (A GÊNESE)


6. Desde que se admite a solicitude de Deus com as suas criaturas, por que não se admitiria que espíritos capazes, por sua energia e superioridade de seus conhecimentos, de fazerem a humanidade avançar, encarnem pela vontade de Deus,
com o fim de estimularem o progresso em um determinado sentido? Por que não se admitiria que eles recebam uma missão, como a que um embaixador recebe do seu governante? Este é o papel dos grandes gênios. O que eles vêm fazer, senão ensinar aos homens as verdades que esses ignoram — e ainda ignorariam por muito tempo — a fi m de lhes dar um ponto de apoio com a ajuda do qual eles poderão elevar-se mais rapidamente? Esses homens geniais, que aparecem através dos
séculos como estrelas brilhantes, deixando longo rastro luminoso sobre a humanidade, são missionários, ou, se quiserem, messias. Se eles não ensinassem aos homens nada além do que estes sabem, sua presença seria completamente inútil; as coisas novas que eles lhes ensinam, seja na esfera física, seja na filosófica, são revelações.Se Deus permite a vinda de reveladores para as verdades científicas, pode, com mais forte razão, fazer com que apareçam para as verdades morais, que constituem
elementos essenciais do progresso. Tais são os filósofos cujas idéias atravessaram os séculos. 

7. No sentido específico da fé religiosa, diz-se revelação, mais particularmente, das coisas espirituais que o homem não pode saber por ele mesmo, que não pode descobrir por intermédio de seus sentidos, e cujo conhecimento é dado por Deus ou pelos seus mensageiros, através da palavra direta, ou pela inspiração. Neste caso, a revelação é sempre feita a homens privilegiados, designados sob o nome de profetas ou messias, isto é, enviados, missionários, tendo a missão de transmiti-la aos homens. Considerada sob este ponto de vista, a revelação pressupõe a passividade absoluta; aceita-se sem verificação, sem exame e sem discussão.
8. Todas as religiões tiveram seus reveladores que, embora estivessem longe de conhecer toda a verdade, tinham sua razão de ser providencial, porque estavam adequados ao tempo e ao meio em que viviam, às peculiaridades dos povos aos quais falavam e aos quais eram relativamente superiores.
Apesar dos erros das suas doutrinas, eles não deixaram de comover os espíritos e, por isso mesmo, de semear as sementes do progresso, que mais tarde deviam se desenvolver, ou que se desenvolverão um dia à luz brilhante do Cristianismo.
É, pois, injusto que eles sejam amaldiçoados em nome da ortodoxia, porque dia virá em que todas essas crenças, tão diversas na forma, mas que repousam realmente sobre um mesmo princípio fundamental — Deus e a imortalidade da alma
— se fundirão numa grande e vasta unidade, assim que a razão houver triunfado sobre os preconceitos.
Infelizmente, as religiões têm sido, em todos os tempos, instrumentos de dominação.
O papel de profeta suscitou as ambições secundárias, e tem-se visto surgir uma multidão de pretensos reveladores ou messias que, valendo-se do prestígio desse nome, exploram a credulidade em proveito do seu orgulho, da sua cobiça ou da sua preguiça, achando mais cômodo viver à custa dos iludidos. A religião cristã
não pôde ficar livre desses parasitas. A esse respeito pedimos uma séria atenção para o capítulo XXI de O Evangelho Segundo o Espiritismo: “Haverá falsos cristos e falsos profetas.”
9. Há revelações diretas de Deus aos homens? Essa é uma questão que não ousaríamos responder nem afirmativa nem negativamente de uma forma absoluta.
O fato não é radicalmente impossível, porém, nada nos dá a certeza dele. Do que não se pode duvidar é que os espíritos mais próximos de Deus pela perfeição se imbuem do seu pensamento e podem transmiti-lo. Quanto aos reveladores encarnados,
segundo a ordem hierárquica a que pertencem e ao grau de seu saber pessoal, podem tirar dos seus próprios conhecimentos as instruções que ministram,ou recebê-las de espíritos mais elevados, até mesmo dos mensageiros diretos de Deus. Esses, falando em nome de Deus, foram, às vezes, confundidos com o próprio Deus.As comunicações desse gênero não têm nada de estranho para quem conhece os fenômenos espíritas e o modo pelo qual se estabelecem as relações entre encarnados e desencarnados. As instruções podem ser transmitidas por diversos meios: pela inspiração pura e simples, pela audição da palavra, pela visibilidade dos espíritos instrutores nas visões e aparições, quer em sonho, quer em estado de vigília, como se vê em muitos exemplos na Bíblia, no Evangelho e nos livros
sagrados de todos os povos.
Assim sendo, é rigorosamente exato dizer que a maior parte dos reveladores são médiuns inspirados, audientes ou videntes, de onde não se conclui que todos os médiuns sejam reveladores ou, ainda menos, os intermediários diretos da Divindade
ou dos seus mensageiros. - continua -

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