segunda-feira, 14 de março de 2011

CORAGEM MORAL

O segundo tipo de coragem é a coragem moral. Todas as pessoas de grande coragem moral que conheci, ou de quem ouvi falar, detestam a violência. Tomemos, por exemplo, Aleksander Solznhenitsin, o escritor russo que enfrentou sozinho o poder da burocracia soviética, protestando conta o tratamento cruel e desumano dispensado aos prisioneiros dos campos de concentração da Rússia. Seus vários livros , escritos na melhor prosa russa moderna, lançam um protesto contra forma de opressão do indivíduo, seja física, psicológica ou espiritual. Sua coragem moral é notável especialmente por não ser ele um liberal e sim um nacionalista russo. Transformou-se no símbolo de um conceito de valor que o mundo já havia esquecido – que a dignidade inata do ser humano deve ser respeitada por sua humanidade, independente da política. Solzhenitsin, uma personagem dostoievskiana da velha Russia (como define Stanley Kunitz), disse: “Daria a vida alegremente, se com isso contribuísse para a causa da verdade.”
Foi detido pela polícia soviética e mandado para a prisão. Conta-se que o despiram e o colocaram ante o pelotão de fuzilamento. O objetivo era atemorizá-lo se não o conseguissem silenciá-lo psicologicamente; o pelotão estava armado com balas de festim. Não o venceram, e solzhenitsin vive hoje no exílio, na Suíça, onde continua a desempenhar o papel de paladino da humanidade, estendendo sua crítica a outras nações, como os Estados Unidos, atacando pontos da nossa democracia que sem dúvida precisam de revisão radical. Enquanto existirem pessoas com a moral de Solzhnitsin, podemos estar seguros de que o momento do triufo do “homem robô” não chegou ainda.
A coragem de Solzhenitsin, como de outros de igual valor, nasceu não apenas da audácia, mas também da compaixão pelos sofrimentos da humanidade, testemunhadas na prisão. É um fato significativo, e quase uma regra, a coragem moral ter origem na identificação da sensibilidade do indivíduo com o sofrimento do próximo. Creio que poderíamos chamar a isso “coragem perceptiva”, pois depende da capacidade de perceber , de ver o sofrimento alheio. Se nos permitirmos o conhecimento do mal, somos obrigados a fazer algo a respeito. É indiscutível que, se não queremos nos envolver, se nos negamos até mesmo a questionar a possibilidade de dar ajuda ao injustiçado, bloqueamos a nossa percepção tornamo-nos cegos ao sofrimento alheio, quebramos o elo da empatia que nos une à pessoa que precisa de auxílio. A forma mais comum de covardia esconde-se por trás da frase: “ Não quis me envolver” . Infância e juventude
Alexander Soljenítsin nasceu em Kislovodsk, pequena cidade do sul da Rússia, na região localizada entre o Mar Negro e o Mar Cáspio, filho póstumo de Isaac Soljenítsin, um oficial do exército czarista, e da sua jovem viúva, Taisia Soljenítsina. O seu avô materno havia superado as suas origens humildes e adquirido uma grande propriedade na região de Kuban, no sopé da grande cadeia de montanhas do Cáucaso. Durante a Primeira Guerra Mundial, Taisia fora estudar em Moscovo, onde conhecera o seu futuro marido. (Soljenítsin relataria vividamente a história de sua família em suas obras "Agosto de 1914" e "A Roda Vermelha".)
Em 1918 Taisia encontrou-se grávida, mas pouco depois receberia notícia da morte do seu marido num acidente de caça. Esse fato, o confisco da propriedade de seu avô pelas novas autoridades comunistas, e a Guerra Civil Russa disputada ao redor, levaram às circunstâncias bastante modestas da infância de Aleksandr. Mais tarde ele diria que sua mãe lutava pela mera sobrevivência, e que os elos de seu pai com o antigo regime tinham que ser mantidos em segredo. O menino exibia conspícuas tendências literárias e científicas, que sua mãe incentivava como bem podia. Esta viria a falecer aos fins de 1939.
Soljenítsin estudou matemática na Universidade Estatal de Rostov, ao mesmo tempo cursando por correspondência o Instituto de Filosofia, Literatura e História de Moscovo. Durante a Segunda Guerra Mundial participou de acções importantes como comandante de uma companhia de artilharia do Exército Soviético, obtendo a patente de capitão e sendo condecorado em duas ocasiões.
Prisão e início da carreira literária
Algumas semanas antes do fim do conflito, já havendo alcançado território alemão na Prússia Oriental, foi preso por agentes da NKVD por fazer alusões críticas a Stalin em correspondência a um amigo. Foi condenado a oito anos num campo de trabalhos forçados, a serem seguidos por exílio interno em perpetuidade.
A primeira parte da pena de Soljenítsin foi cumprida em vários campos de trabalhos forçados; a "fase intermediária", como ele viria a referir-se a esta época, passou-a em uma sharashka, um instituto de pesquisas onde os cientistas e outros colaboradores eram prisioneiros. Dessas experiências surgiria o livro "O Primeiro Círculo", publicado no exterior em 1968. Em 1950 foi enviado a um "campo especial" para prisioneiros políticos em Ekibastuz, Cazaquistão onde trabalharia como pedreiro, mineiro e metalúrgico. Esta época inspiraria o livro "Um Dia na Vida de Ivan Denisovich". Neste campo retiraram-lhe um tumor, mas seu cancro não chegou a ser diagnosticado.
A partir de Março de 1953, iniciou a pena de exílio perpétuo em Kol-Terek no sul do Cazaquistão. O seu cancro, ainda não detectado, continuou a espalhar-se, e no fim do ano Soljenítsin encontrava-se próximo à morte. Porém, em 1954 finalmente recebeu tratamento adequado em Tashkent, Uzbequistão, e curou-se. Estes eventos formaram a base de " O Pavilhão dos Cancerosos".
Durante os seus anos de exílio, e após sua libertação e retorno à Rússia Europeia, Soljenítsin, enquanto leccionava em escolas secundárias durante o dia, passava as noites escrevendo em segredo. Mais tarde, na breve autobiografia que escreveria ao receber o Nobel de Literatura, relataria que "durante todos os anos até 1961, eu não estava apenas convencido que sequer uma linha por mim escrita jamais seria publicada durante a minha vida, mas também raramente ousava permitir que os meus íntimos lessem o que eu havia escrito por medo de que o facto se tornasse conhecido".
Publicou ainda nos EUA uma obra sobre um gigantesco tabu que é a proeminência dos judeus russos no Partido Comunista e na polícia secreta soviética, sendo tachado como antissemita e desmoralizado no seu exílio.[1].
Soljenítsin morreu em Moscovo em 3 de Agosto de 2008, segundo o seu filho, em consequência de uma insuficiência cardíaca aguda
Obras
• Two Hundred Years Together (2001, 2002)
• Um Dia na vida de Ivan Denisovich (1962; romance)
• O Primeiro Círculo (1968; romance)
• O Pavilhão dos Cancerosos (1968; romance)
• Arquipélago Gulag (1973–1978)
• Agosto, 1914 (1984; romance)


Alexander Issaiévich Soljenítsin (em russo: Александр Исаевич Солженицын; Kislovodsk, 11 de Dezembro de 1918 — Moscovo, 3 de Agosto de 2008) foi um romancista, dramaturgo e historiador russo.
As suas obras consciencializaram o mundo quanto aos gulags, sistema de campos de trabalhos forçados existente na antiga União Soviética. Foi expulso de sua terra natal em 1974, e recebeu o Nobel de Literatura de 1970.
Infância e juventude
Alexander Soljenítsin nasceu em Kislovodsk, pequena cidade do sul da Rússia, na região localizada entre o Mar Negro e o Mar Cáspio, filho póstumo de Isaac Soljenítsin, um oficial do exército czarista, e da sua jovem viúva, Taisia Soljenítsina. O seu avô materno havia superado as suas origens humildes e adquirido uma grande propriedade na região de Kuban, no sopé da grande cadeia de montanhas do Cáucaso. Durante a Primeira Guerra Mundial, Taisia fora estudar em Moscovo, onde conhecera o seu futuro marido. (Soljenítsin relataria vividamente a história de sua família em suas obras "Agosto de 1914" e "A Roda Vermelha".)
Em 1918 Taisia encontrou-se grávida, mas pouco depois receberia notícia da morte do seu marido num acidente de caça. Esse fato, o confisco da propriedade de seu avô pelas novas autoridades comunistas, e a Guerra Civil Russa disputada ao redor, levaram às circunstâncias bastante modestas da infância de Aleksandr. Mais tarde ele diria que sua mãe lutava pela mera sobrevivência, e que os elos de seu pai com o antigo regime tinham que ser mantidos em segredo. O menino exibia conspícuas tendências literárias e científicas, que sua mãe incentivava como bem podia. Esta viria a falecer aos fins de 1939.
Soljenítsin estudou matemática na Universidade Estatal de Rostov, ao mesmo tempo cursando por correspondência o Instituto de Filosofia, Literatura e História de Moscovo. Durante a Segunda Guerra Mundial participou de acções importantes como comandante de uma companhia de artilharia do Exército Soviético, obtendo a patente de capitão e sendo condecorado em duas ocasiões.
[editar] Prisão e início da carreira literária
Algumas semanas antes do fim do conflito, já havendo alcançado território alemão na Prússia Oriental, foi preso por agentes da NKVD por fazer alusões críticas a Stalin em correspondência a um amigo. Foi condenado a oito anos num campo de trabalhos forçados, a serem seguidos por exílio interno em perpetuidade.
A primeira parte da pena de Soljenítsin foi cumprida em vários campos de trabalhos forçados; a "fase intermediária", como ele viria a referir-se a esta época, passou-a em uma sharashka, um instituto de pesquisas onde os cientistas e outros colaboradores eram prisioneiros. Dessas experiências surgiria o livro "O Primeiro Círculo", publicado no exterior em 1968. Em 1950 foi enviado a um "campo especial" para prisioneiros políticos em Ekibastuz, Cazaquistão onde trabalharia como pedreiro, mineiro e metalúrgico. Esta época inspiraria o livro "Um Dia na Vida de Ivan Denisovich". Neste campo retiraram-lhe um tumor, mas seu cancro não chegou a ser diagnosticado.
A partir de Março de 1953, iniciou a pena de exílio perpétuo em Kol-Terek no sul do Cazaquistão. O seu cancro, ainda não detectado, continuou a espalhar-se, e no fim do ano Soljenítsin encontrava-se próximo à morte. Porém, em 1954 finalmente recebeu tratamento adequado em Tashkent, Uzbequistão, e curou-se. Estes eventos formaram a base de " O Pavilhão dos Cancerosos".
Durante os seus anos de exílio, e após sua libertação e retorno à Rússia Europeia, Soljenítsin, enquanto leccionava em escolas secundárias durante o dia, passava as noites escrevendo em segredo. Mais tarde, na breve autobiografia que escreveria ao receber o Nobel de Literatura, relataria que "durante todos os anos até 1961, eu não estava apenas convencido que sequer uma linha por mim escrita jamais seria publicada durante a minha vida, mas também raramente ousava permitir que os meus íntimos lessem o que eu havia escrito por medo de que o facto se tornasse conhecido".
Publicou ainda nos EUA uma obra sobre um gigantesco tabu que é a proeminência dos judeus russos no Partido Comunista e na polícia secreta soviética, sendo tachado como antissemita e desmoralizado no seu exílio.[1].
Soljenítsin morreu em Moscovo em 3 de Agosto de 2008, segundo o seu filho, em consequência de uma insuficiência cardíaca aguda

Nenhum comentário:

Postar um comentário