sexta-feira, 12 de dezembro de 2014
ARQUETIPO ANIMUS
A
personificação masculina do inconsciente na mulher – o animus – apresenta, tal
como a anima do homem, aspectos positivos e negativos. Mas o animus não costuma se manifestar sob a
forma de fantasias ou inclinações eróticas; aparece mais comumente como uma
convicção secreta “sagrada”. Quando uma mulher anuncia tal convicção com voz
forte, masculina e insistente, ou a
impõe às outras pessoas por meio de cenas violentas reconhece-se facilmente, a
sua masculinidade encoberta. No entanto, mesmo em uma mulher que exteriormente
se revele muito feminina o animus pode também ter uma força igualmente firme e
inexorável. De repente podemos nos deparar com algo obstinado, frio e
totalmente inacessível em uma mulher.
Um dos
temas favoritos do animus, e que este
tipo de mulher remoi sem cessar é: “a única
coisa no mundo que eu desejo é amor – e “ele” não me ama”; ou “nesta
situação existem apenas duas possibiliades e ambas são igualmente más” (o
animus nunca aceita exceções). Dificilmente podemos contradizer uma opinião do
animus porque em geral é um opinião certa; no entanto, raramente enquadra-se
numa determinada situação individual. É uma opinião que parece razoável, mas
que está fora do propósito.
Assim como o
caráter da anima masculina é moldado pela mãe, o animus é basicamente
influenciado pelo pai da mulher. É o pai que dá ao animus da filha convicções
incontestavelmente “verdadeiras”, irretrucáveis e de um colorido todo especial
– convicções que nunca tem nada a ver com a pessoa real que é aquela mulher.
Por isso, o
animus, tal como a anima, pode, algumas vezes, tornar-se o demônio da morte.
Por exemplo, em um conto de fadas cigano uma mulher solitária acolhe um
encantador estranho, apesar de ter tido um sonho que lhe anunciava a chegada do
rei da morte. Depois de estarem juntos por algum tempo e a insiste para que lhe
diga quem é. A princípio o jovem recusa dizendo-lhe que ela morrerá se ele assim o fizer.
Ela insiste,
no entanto, e de repente ele lhe confessa que é a própria morte. Naquele mesmo
instante a mulher morre de medo.
Do ponto de
vista mitológico, o belo forasteiro é, provavelmente, a imagem pagã do pai ou
de um Deus, que aparece aqui como o rei dos mortos (lembrando o rapto de
Perséfona por Hades). Mas
psicologicamente ele representa uma forma particular do animus que afasta as
mulheres de qualquer relacionamento humano e sobretudo, de qualquer contato com
os homens. Personifica uma espécie de “casulo” dos pensamentos oníricos, dos
desejos e julgamentos que definem as situações
como elas “deveriam ser” afastando a mulher de toda a realidade da vida.
O animus
negativo não aparece apenas como o demônio da morte. Nos mitos e contos de
fadas faz o papel de assaltante ou de assassino.
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