sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

ARQUETIPOS DA INICIAÇÃO

Do ponto de  vista psicológico, a imagem do herói não deve ser considerada idêntica ao ego propriamente dito. Trata-se, antes, do meio simbólico pelo qual o ego se separa dos   arquétipos evocados pelas imagens dos pais na sua primeira infância.  O professor Jung julga que cada ser humano possui, originalmente, um sentimento de totalidade, isto é, um sentido poderoso e completo do self. E é o Self (o si-mesmo) – a totalidade da psique – que emerge a consciência individualizada do ego à medida que o indivíduo cresce.

 

Nos últimos anos  alguns discípulos de Jung começaram a documentar nos seus trabalhos a série de acontecimentos que marca o aparecimento do ego individual na transição da infância para a meninice. Esta separação nunca poderá ser absoluta sem lesar, gravemente, o sentido original de totatidade.

 

E o ego precisa voltar atrás, continuadamente, para restabelecer suas relações com o Self, de modo a conservar sua saúde psíquica.

De acordo com minhas pesquisas, parece que o mito do herói é a primeira etapa na diferenciação da psique.

A história antiga e os rituais das sociedade primitivas contemporâneas forneceram-nos abundante material sobre mitos e ritos de iniciação, através dos quais jovens rapazes e raparigas são afastados de seus pais ou na sua tribo . Mas neste rompimento com o mundo infantil o arquétipo parental original pode ser molestado, e para que tal dano seja sanado é necessário um processo “curativo” de assimilação à vida do grupo  (a identidade do grupo com o indivíduo é, muitas vezes, simbolizada por um animal totêmico). Assim, o grupo satisfaz as exigências do arquétipo que foi lesado e torna-se uma espécie de segundo pai ou mãe, aos quais o jovem é simbolicamente sacrificado, renascendo numa nova vida.

Nesta “cerimônia drástica que lembra muito um sacrifício oferecido às forças que podem reter um jovem”, segundo expressão do Dr. Jung, vemos que o poder do arquétipo original nunca pode ser totalmente dominado, como acontece nas lutas herói-dragão, sem um mutilante sentimento de alienação em relação às fecundas forças do inconsciente. Nas sociedades tribais é o rito de iniciação que resolve de maneira mais eficiente este problema. O ritual faz o noviço retornar às camadas mais profundas da identidade original existente entre a mãe e a criança ou entre o ego e o self forçando-o, assim, a conhecer a experiência de uma morte simbólica. Em outras palavras, a sua identidade é temporariamente destruída ou dissolvida no inconsciente coletivo. É então salvo solenemente deste estado pelo rito de um novo nascimento.  Este é o primeiro ato de verdadeira assimilação do ego em um grupo maior, exprimindo-se sob a forma de totem, clã ou tribo, ou uma combinação dos três.


O ritual, seja de grupos tribais ou de sociedades mais complexas, insiste sempre neste rito de morte e renascimento, isto é, um “rito de passagem” de uma fase da vida para outra, seja da infância para a meninice ou do início para o final da adolescência e daí para a maturidade.

 

Toda nova fase de desenvolvimento de uma vida humana é acompanhada por uma repetição do conflito original entre as exigências do self e as do ego.  De fato, este conflito pode se manifestar com mais força no período de transição que vai do início  da maturidade à idade madura (entre os 35 e 40 anos, na nossa sociedade) do que em qualquer outra época. E a transição da maturidade para a vellhice cria, novamente a necessidade de afirmar a diferença entre o ego e a psique total; o herói recebe um último apelo para defender o ego consciente da próxima dissolução da vida em morte.

Nestes períodos críticos o arquétipo de iniciação é fortemente ativado  fim de promover uma transição significativa que ofereça algo mais rico de sentido espiritual do que os ritos da adolescência, com o seu acentuado caráter profano. Neste sentido religioso, os esquemas dos arquétipos de iniciação – conhecidos desde a antigüidade como “mistérios” – são elaborados na mesma textura de todos os rituais eclesiáticos que exigem cerimônicas especiais nos momentos de nascimento, casamento ou morte.

 

Tal como no estudo do mito do herói, também no estudo da iniciação devemos buscar exemplos nas experiências subjetivas da gente contemporânea, sobretudo em pessoas que tenham sido analisadas. Não há nada de surpreendente no fato de aparecem, no inconsciente de alguém que busca auxílio de um médico especialista em desordem psíquicas, imagens que reproduzem os principais esquemas de iniciação, tal como nos foram relatados  na história

2 comentários:

  1. olá, vc poderia fazer referencia no texto, uma vez que ele não foi escrito por vc e sim copiado de um livro.

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  2. olá, vc poderia fazer referencia no texto, uma vez que ele não foi escrito por vc e sim copiado de um livro.

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