sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

PSIQUE

Observando um grande número de pessoas e estudando seus sonhos (calculava ter interpretado aos menos uns 80.000 sonhos) Jung descobriu não apenas que os sonhos dizem respeito, em grau variado, à vida de quem sonha mais também são parte de uma única e grande teia de fatores psicológicos. Descobriu também que, no conjunto, parecem obedecer a uma determinada configuração ou esquema. A este esquema Jung chamou “o processo de individuação”. Desde que os sonhos produzem, a cada noite, diferentes cenas e imagens, as pessoas pouco observadas não se darão conta de qualquer esquema.

 

Mas se estudarmos os nossos próprios sonhos e sua seqüência, verificaremos que certos conteúdos emergem, desaparecem e depois retornam. Muitas pessoas sonham repetidamente com as mesmas figuras, paisagens ou situações, se examinarmos a série total destes sonhos observaremos que sofrem mudanças lentas, mas  perceptíveis.  E estas mudanças podem se acelerar se a atitude consciente do sonhador for influenciada pela interpretação apropriada dos seus sonhos e dos seus conteúdos simbólicos.

 

Assim, a nossa vida onírica cria um esquema sinuoso (em meandros) em que temas e tendências aparecem, desvanecem-se e tornam a aparecer.  Se observarmos este desenho sinuoso durante um longo período vamos perceber a ação de uma espécie de tendência reguladora em direcional oculta, gerando um processo lento e imperceptível de crescimento psiquico – o processo de individuação.

 

Surge, gradualmente, uma personalidade mais ampla e amadurecida que, aos poucos, torna-se mais efetiva e perceptível mesmo a outras pessoas. Como este crescimento psíquico  não pode ser efetuado por esforço ou vontades conscientes, e sim por um fenômeno involuntário e natural, ele é freqüentemente simbolizado nos sonhos por uma árvore, cujo desenvolvimento lento, pujante e involuntario cumpre um esquema bem definido.

 


O centro organizador de onde emana esta ação reguladora parece ser uma espécie de “núcleo atômico” do nosso sistema psíquico. Poder-se-ia denominá-lo também de inventor, organizador ou fontes das imagens oníricas. Jung chamou a este centro o Self e o descreveu como a totalidade absoluta da psique, para diferencia-lo do ego, que constitui apenas uma pequena parte da psique. O self pode ser definido como um fator de orientação íntima, diferente da personalidade consciente, e que só pode ser apreendido através da investigação dos sonhos de cada um.  Estes sonhos mostram-no como um centro regulador, centro que provoca um constante desenvolvimento e amadurecimento da personalidade. 

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