sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

UM POUCO DE HISTORIA III

Jesus disse: “Se seus líderes vos dizem: ‘ vejam, o Reino está no céu’, então saibam que os pássaros do céu os precederão, pois já vivem no céu. Se lhes disserem: ‘Está no mar, então o peixe os precederão pelo mesmo motivo. Antes, descubram que o Reino está dentro de vocês, e também fora de vocês. Apenas quando vocês se conhecerem poderão ser conhecidos, e então compreenderão que todos vocês são filhos do Pai vivo. Mas se vocês não se conhecerem a si mesmos, então vocês vivem na pobreza e são a pobreza.”  (Evangelho de Tomé, Logia 3)

É notável a semelhança entre o conteúdo desta sentença de Jesus com a máxima adotada por Socrates, e que emprestada do pórtico do Templo de Apolo, em Delfos: “Homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo”. De igual forma, outro grande mestre do espírito humano, Buda, dizia que só o conhecimento de si levava à iluminação, do mesmo modo que Láo-Tse dizia que apenas o conhecimento da ordem dentro de si levava à compreensão do Tao. Da mesma forma, os órficos falavam do processo evolutivo como uma tomada de consciência de que somos deuses por sermos filhos de Deus. Apenas não temos nem a percepção, nem a consciência disso.

Segundo Stephen Mitchell, quando Jesus falava do Reino de Deus, ele de fato não estava dizendo ou profetizando uma perfeição fácil e livre de perigos, como interpretaram ao seu bel-prazer alguns doutores da teologia, ou como ainda fazem alguns líderes de religiões institucionalizadas. Ele estava falando de um estado de espírito, como fica bem demonstrado em muitas de suas parábolas, como, por exemplo, a da mulher que perde uma moeda e revira a casa inteira em sua busca e, quando a acha, sai a correr chamando os vizinhos e dizendo: alegrem-se comigo, pois achei a moeda que havia perdido. Ela encontrou algo aparentemente muito simples, algo que sempre esteve bem perto dela...

 


Este estado de espírito pode ser tão simples quanto a revoada de pássaros no céu ou os lírios no campo. Ele não está fora, mas fora e dentro de nós. Tudo está ligado a tudo. Tudo é um: “Na Casa de meu Pai há muitas moradas”. Todos nascemos com um pouco da percepção feliz deste reino e a mantemos enquanto a cultura – o meio – não o retira de nós, corrompendo-nos. “Se vos fizerdes como uma criança, entrarás no Reino dos Ceús”. Os que se envolvem em demasia com as preocupações materiais têm certa dificuldade em entrar neste estado de espírito, pois são possuídos por suas posses que exigem um esforço considerável para serem mantidas e estão tão encarcerados em seus poderes e em sua fantasia social, que, para eles, é  quase impossível desapegarem-se delas e terem a liberdade de SEREM longe do peso de demonstrar TEREM . “Não que seja fácil para qualquer um de nós.” Escreve Stephen Mitchell. “Mas, se precisarmos avivar a memória, sempre poderemos nos sentar ao pé de nossas criancinhas. Elas, como ainda não desenvolveram uma noção muito firme do passado e do futuro, sabem aceitar de peito aberto e completa confiança a infinita abundância do presente.” Para elas, o tempo corre de forma diferente que para o adulto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário